Ações da Cemig e Eletrobras em alta: contradições de Temer

22/08/2017 às 18:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:12

As ações da Cemig (CMIG 4) e da Eletrobras fecharam o dia de ontem alta, após turbulências envolvendo as duas empresas. As da Cemig valorizaram-se em 8,58%, enquanto as da Eletrobras chegaram a registrar alta de 49% (ELET3). 

A situação das duas empresas é bem diversa e pode resumir as contradições do governo de Michel Temer (PMDB). 

As ações da Eletrobras subiram porque o governo anunciou, na noite de anteontem, que pretende privatizar a empresa, que acumula dívida de R$ 34,8 bilhões. Antes do anúncio, o valor de mercado era de R$ 19,2 bilhões, mas, ao fim do dia, subiu para R$ 28,6 bilhões. A ideia de privatizar a Eletrobras é para fazer caixa e melhorar o desempenho da companhia.

Portugal e França fizeram o mesmo com as companhias energéticas estatais e funcionou. O Brasil já privatizou a Vale e a Embraer e o resultado está aí. 

Do ponto de vista ideológico, privatizar é reduzir o papel do Estado. Na atual conjuntura do Brasil, em que o Estado não tem dinheiro para investir e as empresas públicas abrigam um punhado de apadrinhados (Petrobras é o maior exemplo), a privatização parece ser mesmo um bom negócio. As ações da Eletrobras, por exemplo, no acumulado do ano, tiveram perdas. 

É por essa mesma ideologia, somada à necessidade de fazer caixa rápido, que o governo federal foi tão relutante em negociar com a Cemig. A Companhia Energética mineira pode perder quase 50 dos ativos de geração de energia porque a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) impôs uma Medida Provisória desastrosa para o setor elétrico. As Companhias tiveram a possibilidade de renovar, de forma antecipada, os contratos de concessão, mas tiveram que abaixar os preços. Quem não aderiu à medida, como a Cemig, ficou sem a renovação anos mais tarde. Mesmo que, em contrato, tal possibilidade existisse. 

O leilão das quatro usinas da Cemig nada mais é que reduzir o papel do Estado na Companhia, vendendo os ativos à iniciativa privada. É uma maneira rápida de fazer caixa também. Porém, ontem houve a sinalização de uma negociação entre governos federal e estadual. O presidente deve editar uma Medida Provisória para viabilizar a tomada de crédito pela Cemig junto ao BNDES para a compra das usinas. Ao que tudo indica, pode haver acordo. Por isso, as ações da Cemig subiram. Como trata-se de corrigir um erro feito pela gestão Dilma, o diálogo com a Cemig é o caminho mais lógico. Porém, esbarra na ideologia de menor participação estatal que fez Temer colocar à venda a Eletrobras. O diálogo só foi possível graças à intervenção política do senador Aécio Neves (PSDB), do governador Fernando Pimentel (PT) e da bancada mineira. Resumo da ópera: no governo Temer, a ideologia mais forte é a política mesmo. 

Em tempo: as ações da Cemig e Eletrobras também tiveram alta influenciadas pela possibilidade de o governo flexibilizar a contratação de energia pelas distribuidoras.

Dinis

O PTB convidou o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Dinis Pinheiro (PP), para filiar-se à legenda. Depois da pesquisa do Instituto Multidados, que mostra Dinis na segunda colocação pela corrida ao governo de Minas com 11% das intenções de voto, o cacife eleitoral dele subiu. Como o grupo do senador Aécio Neves (PSDB) não tem outra opção para a disputa contra Fernando Pimentel (PT), Dinis é o plano A. 

  

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