A semana dos novos presidentes

08/05/2016 às 18:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:20

Michel Temer (PMDB), advogado constitucionalista de 76 anos, terminará a semana como presidente da República tendo o difícil desafio de aumentar a arrecadação do governo central, reaquecer o consumo, alavancar o investimento público e inverter os indicadores de desemprego.

Para isso, contará com a equipe econômica dos sonhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Temer parece ter ouvido os conselhos que o petista deu à Dilma Rousseff, ainda em 2014, para que mudasse os rumos da economia colocando à frente do Ministério da Fazenda Henrique Meirelles.

O desafio torna-se ainda maior pois, além de ter 180 dias para promover a melhora do péssimo desempenho econômico, Temer ainda terá que alocar aliados. A equipe econômica, por exemplo, não está fechada.

Existe um temor entre os convidados de que o tempo insuficiente possa macular os projetos a serem adotados. Por isso, no Banco Central serão mantidos vários diretores. O presidente do BC permanece no cargo por pelo menos dois meses, tempo necessário para que seja sabatinado pelo Senado.

Congresso

A presidência da Câmara é outra preocupação de Temer e da futura equipe. A maior parte das medidas a serem adotadas terá que passar pelo Congresso. O novo presidente Waldir Maranhão (PP-MA) é uma incógnita.

Ele votou contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e é próximos a deputados de partidos de esquerda. Apesar do partido dele já negociar cargos para o próximo governo, Maranhão é tido como independente. E diz que não renunciará.
Apenas para se ter ideia, no fim de semana, o novo presidente publicou a seguinte mensagem no Facebook: “Que a democracia é a melhor forma de representar a vontade do povo. Eu acredito”. No mesmo dia, a presidente Dilma Rousseff disse que o novo governo não representa a vontade do povo, pois não obteve votos nas urnas.

Eduardo Cunha já mostrou que é preciso muito mais que boa vontade e propostas para levar um país adiante. É necessário negociar. E, no Congresso, a palavra pode ter sentido não muito republicano.

Um pacote econômico enviado por Temer à Câmara pode demorar a passar. E Temer terá 180 dias para mostrar a que veio. É o tempo em que o Senado votará, em definitivo, o impedimento de Dilma.

Voltando às medidas do pacote, o vice vive um dilema: aumentar ou não impostos. Após ouvir a choradeira dos empresários, Temer estava disposto a não elevar a carga tributária. Mas, economistas com quem conversa apresentam versões contraditórias para o assunto. Muitos deles acreditam ser impossível sair do déficit sem aumentar a arrecadação. Acreditam que, mesmo com a elevação, a economia não apresentará sinais de crescimento neste ano.

O objetivo é controlar o déficit público, evitando a curva ascendente.

Dívida

Governadores negociam com o governo federal a redução dos descontos nas dívidas com a União. Mas o acordo pode ser invalidado com a entrada de um novo governo.

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