Vereadores da capital mineira não fazem outra coisa senão reclamar do governo de Alexandre Kalil. São vários os motivos e a cada dia surgem novas queixas.
O desgaste adiou o envio da reforma administrativa. Agora, ela será encaminhada apenas no fim de março, após as sessões plenários dos primeiros 15 dias do mês. A estratégia é simples: ganhar tempo para driblar as reclamações.
Um vereador insatisfeito resume o motivo do motim: “Estamos sem caneta. Nem o Juliano (Lopes) quer aceitar ser líder porque é só trabalho e não tem caneta”.
O parlamentar referia-se às indicações de segundo e terceiro escalões na Prefeitura de Belo Horizonte. Historicamente, o prefeito negociava cargos, especialmente em regionais, com vereadores. Era uma forma de deixar satisfeito o parlamentar que vai votar. Alexandre Kalil mudou a regra do jogo. E também mudou o modo de lidar com os vereadores.
Indicações em regionais, por exemplo, eram as mais cobiçadas. Tendo em vista que em uma eleição proporcional municipal, cada região tem candidatos que trabalham e conhecem as peculiaridades do local. Por isso, querem colocar aliados e apadrinhados em postos considerados essenciais.
Para piorar a situação, Kalil não tem líder na Câmara. Destituiu Gilson Reis depois de uma onda de queixas. O mais cotado para assumir o posto é Juliano Lopes. Porém, conforme aliados, ele estaria resistente. É o escolhido de Kalil, mas ainda não sabe se quer ser o escolhido.
Boatos repassados diariamente aos parlamentares ajudam a colocar mais lenha na fogueira. Nos corredores da Câmara, fala-se, por exemplo, que o prefeito pode resolver fundir mais regionais, não só a Pampulha com a Norte, conforme anunciou o repórter Filipe Motta, do Hoje em Dia.
Enquanto o imbróglio não for resolvido, Kalil corre o risco de ver escorregar propostas interessantes que defendeu na campanha, como a extinção de cargos comissionados, que, aliás é o principal motivo da querela.
Assembleia
Já o governador Fernando Pimentel não tem os mesmos problemas na Assembleia Legislativa. Lá, a situação é oposta. Com tantos aliados, agora, o governo terá que contornar o ciúmes, que começa a brotar entre alguns parlamentares.
Na Casa, gerou desconforto a proximidade do deputado federal Fabio Ramalho (PMDB), o Fabinho Liderança, com o governador.
Fabinho está com a bola toda e foi eleito vice-presidência da Câmara Federal. Ainda é tido como interlocutor de Pimentel no Congresso. Tanto é que atuou diretamente na negociação da dívida do Estado com o governo federal. Como a proposta voltou à pauta, Fabinho terá, novamente, papel central.
Deputados dizem que até mesmo na atuação legislativa estadual (formação de comissões, indicação de líderes, etc) Ramalho palpitou. E mais, teria indicado a Pimentel funcionários comissionados. Por tudo isso, alguns estão mesmo é com ciúmes.