Desmistificando a eleição em Belo Horizonte

23/10/2016 às 19:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:21

Existem duas vertentes latentes no processo eleitoral em Belo Horizonte. A primeira delas é o viés financeiro. Os dois candidatos à sucessão do prefeito Marcio Lacerda (PSB), Alexandre Kalil (PHS) e João Leite (PSDB), não conseguirão tirar do papel as promessas de campanha. 

A conta é simples. A crise financeira que assola o país também chegou à prefeitura. E, justiça seja feita, o município de Belo Horizonte só não está em situação de calamidade, como tantos outros, devido à gestão promovida por Marcio Lacerda. Com o pouco que tinha manteve o que estava em andamento. Já pagou a primeira parcela do 13º salário e mantém o pagamento do servidor em dia. 

Na ponta do lápis, a prefeitura arrecadou, até o mês, 76% do total previsto para o ano em receita tributária, ou seja, em impostos. Faltam entrar no caixa R$ 805 milhões de um total de R$ 3,3 bilhões. Em empréstimos, a expectativa era a de conseguir R$ 1 bilhão, porém, apenas R$ 85,8 milhões foram viabilizados, o que corresponde a 8% da previsão inicial. O que superou as expectativas foi a alienação de bens, cujo montante soma R$ 93 milhões. 

A situação para o próximo ano deve piorar. As previsões feitas por economistas e pelo mercado são todas pessimistas. União e estados estão com a corda no pescoço. E não é diferente nos municípios. Pelo contrário. Então, o primeiro ano do novo prefeito será de contenção. Promessas ficarão no papel e na boca daqueles que as fazem. O discurso pós posse já está montado: a herança maldita (que está longe de sê-la). 

O segundo ponto da sucessão municipal são o louro e o ônus político. Se João Leite (PSDB) perder a eleição, derrotado ficará o senador Aécio Neves (PSDB). Vencer no reduto eleitoral é o dever de casa para alçar voos mais altos. Com João Dória (PSDB) eleito em São Paulo em primeiro turno, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) tem a faca na mão. Se o candidato de Aécio perder, Alckmin também terá o queijo. E aí, é só questão de tempo até conseguir o comando do PSDB e dos diretórios regionais para viabilizar a candidatura à Presidência da República. Aécio é o presidente nacional do partido, cargo este que já é alvo do paulista. 

Por falar na campanha de João Leite, a partir de hoje os eleitores notarão presença do senador Antonio Anastasia (PSDB). A campanha pretende utilizar (já deveria ter feito) a imagem de bom gestor, técnico e ficha limpa de Anastasia. </CW>

Quanto a Alexandre Kalil, os marqueteiros do candidato traçaram um caminho que vem dando certo. Se vencer a disputa, sai vitorioso o governador Fernando Pimentel (PT). O petista queria tudo, menos um tucano na Prefeitura de Belo Horizonte. Apostou, nos bastidores, em Kalil para o segundo turno. Se vencer, poderá consagra-se como hábil articulador político. Vale lembrar que Pimentel conseguiu manter maioria no Legislativo, mesmo estando o PMDB rompido com o PT no âmbito nacional. 

Por outro lado, a vitória de Kalil trará também um pequeno incômodo. O suplente de Paulo Lamac (vice de Kalil) na Assembleia é João Alberto (PMDB). João Alberto é da ala peemedebista que tirou fotos com o candidato João Leite (PSDB), na clássica divisão interna do partido. Não é ilusão imaginar que Pimentel poderia pedir a um secretário peemedebista o retorno à Assembleia para evitar tal ascensão. 

Já se João Leite vencer, entra na vaga dele no Legislativo o tucano Zé Maia

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por