Guerra no MDB: “eu entro na Justiça e ninguém é candidato”, diz presidente

12/07/2018 às 19:33.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:22


O MDB mineiro, um partido historicamente dividido em feudos, transformou a batalha de bastidores em uma verdadeira guerra de lideranças. O presidente, vice-governador Antonio Andrade, ameaçou, ontem, recorrer à Justiça e barrar a possibilidade de candidatura do partido nas eleições deste ano. 

O imbróglio ficou mais acalorado depois que todos os integrantes das bancadas estadual e federal assinaram um documento pedindo a saída de Andrade do comando da legenda. O documento é endereçado à Executiva Nacional, um pedido de providências. 


Nele, os 13 deputados estaduais e seis federais acusam Andrade de agir por vingança e com ódio. 

“Nosso presidente estadual, agindo no mais absoluto isolamento, não busca construir um cenário eleitoral que, além de competitivo nas eleições majoritárias, possa viabilizar a eleição de expressivas bancadas à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa, como vem sendo nossa tradição”, diz trecho do texto. 

Os deputados não gostaram de uma pesquisa interna contratada por Andrade que mostra que 92% dos diretórios rejeitam coligação com o PT. O vice-governador é rompido com o governador Fernando Pimentel (PT) e trabalha pelo afastamento eleitoral dos dois partidos. Grande parte das bancadas deseja o alinhamento com os petistas, assim poderiam eleger mais parlamentares. O presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, quer se candidatar ao governo de Minas, mas discorda dos métodos de Andrade. O vice-governador chegou a trancar, na semana passada, a sede do partido para impedir a eleição da direção do MDB Jovem. 


“As bancadas estadual e federal, abaixo assinadas, unanimemente, vimos recorrer aos membros da nossa direção nacional para buscarmos conduzir o partido no sentido de construir nosso futuro e não permitir que, em razão de ódio e vingança pessoal, sejam postos em risco diversos mandatos eletivos, como também a expressão do partido em nosso Estado”, finalizam os parlamentares.

O grupo ameaçou uma renúncia coletiva a cargos de direção do MDB para forçar a dissolução do diretório mineiro. Para viabilizar a retirada de Antônio Andrade do posto, conforme as bancadas, é preciso que 50% mais um dos membros renunciem, dissolvendo o diretório, o que implica em nomeação de nova comissão em Brasília.


O deputado estadual e líder da bancada do MDB Minas Gerais, Tadeu Martins Leite, disse que a decisão tem o apoio do presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá (RR), que autorizou a mudança do comando da sigla em Minas.
Andrade respondeu à altura. Disse que não existe nada no estatuto do MDB que prevê a saída do presidente com a renúncia de outros membros da direção. “Por que eles não renunciam ao diretório? Ficam só na ameaça. Não tem nada no estatuto que diz sobre a auto-dissolução”, disse Andrade. E mais. Ele garante que recorrerá à Justiça, caso seja afastado, gerando um problema que poderia inviabilizar a pré-candidatura do partido ao governo de Minas. “(Se dissolver) Aí entro na Justiça e ninguém é candidato. Eles que provocaram isso”, finalizou. 

O MDB é o partido com maior tempo individual de televisão no horário eleitoral gratuito do rádio e da televisão. Tem também a maior capilaridade pelo interior, devido ao número de prefeitos e vices.


 

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