Julgamento de Aécio pode terminar no 3 a 2

19/06/2017 às 18:53.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:09

O Supremo Tribunal Federal deve decidir hoje, com placar apertado, se decreta ou não a prisão do senador Aécio Neves (PSDB). Nos bastidores, é real a possibilidade de o julgamento terminar em 3 a 2, contra ou a favor do senador, que está afastado das funções. 

Os ministros que irão julgar o pedido de prisão feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janet, decidiram, por esse mesmo placar, manter presa a irmã de Aécio, Andréa Neves. Ela é acusada de negociar com Joesley Batista, o dono da J&F, R$ 2 milhões para o irmão. Votaram para manter Andréa na cadeia os ministros Luís Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux. Contra a prisão posicionaram-se Marco Aurélio Mello, relator do processo, e Alexandre de Moraes. Vale relembrar o que disseram os ministros naquela oportunidade, pois pode refletir na votação de hoje.

Barroso se disse perplexo com o fato de o pedido de dinheiro a Joesley ter acontecido depois da operação “Lava Jato”, neste ano. Também disse que havia provas “contundentes”. Rosa Weber afirmou: “O fato de Andréa ter sido, por ora, denunciada por corrupção não está a significar, na minha visão, que os riscos da sua interferência na instrução e na investigação criminal precisamente apontados pelo eminente ministro Luiz Edson Fachin, ao ensejo da decretação da custódia preventiva, tenham sido eliminados”. Luiz Fux acompanhou os colegas: “Eu prefiro atuar com a prudência, me reservando o direito de reexaminar a soltura da paciente num momento que me parecer mais oportuno diante da instrução útil e fértil que certamente vossa excelência vai promover e determinar nos autos do processo”. 

Marco Aurélio Melo defendeu a soltura alegando que Andréa não tem cargo público, é ré primária e tem bons antecedentes. Alexandre de Moraes, que foi ministro de Michel Temer (PMDB), acompanhou o colega. Dois fatores se colocam, nos bastidores. O primeiro é que Marco Aurélio não gostou nada de Aécio não ter sido afastado oficialmente pelo Senado. A medida só foi cumprida integralmente após a declaração do ministro relator do caso. Nesse meio tempo, Janot incluiu no pedido de prisão uma foto de Aécio com senadores discutindo o andamento de projetos no Congresso. E Luiz Fux foi o menos enfático dos ministros quando manteve a prisão de Andréa. 

Caso o Supremo defina a prisão de Aécio, terá forte impacto na decisão do PSDB de permanecer ao lado de Michel Temer. E também no processo eleitoral em Minas, em 2018. 

“Rapazinho”

Presidente do PSDB mineiro, o deputado Domingos Sávio, teceu fortes críticas ao empresário Joesley Batista e ao procurador Deltan Dallagnol. Segundo ele, Joesley armou para Aécio e ainda é sintomático que o empresário tenha concedido uma entrevista exclusiva para a revista Época, das organizações Globo. “Mesmo grupo que vazou o áudio”, diz Sávio. 

Sobre Dallagnol, ele critica a declaração do procurador da “Lava Jato” nas redes sociais em que pede a prisão do senador afastado. “Ele deixou de ser um promotor de Justiça para virar uma espécie de celebridade. A declaração desse rapazinho é uma leviandade”, disse.

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