Os deputados federais do PMDB, Newton Cardoso Júnior, o Newtinho, e Fábio Ramalho, o Fabinho Liderança, repreenderam o colega de partido Rodrigo Pacheco pela isenção dele no processo de escolha do relator da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Pacheco é o deputado mineiro que preside a CCJ e o responsável por colocar Sérgio Zveiter na relatoria do processo contra Temer. Zveiter é do PMDB, mas adota linha similar à de Pacheco: independência, o que vem irritando o Palácio do Planalto.
Ontem, peemedebistas reuniram-se em Belo Horizonte - bancadas federal e estadual - e as críticas foram apontadas novamente. Nas conversas, são ouvidas expressões como “a questão jurídica pode esperar” e “é preciso preservar a liturgia do cargo de presidente”. Parte da bancada federal também fez um apelo para que os parlamentares permanecessem unidos em torno do moribundo presidente.
Como era de se esperar, não existe consenso no PMDB. A ala estadual da legenda vive uma espécie de escolha de Sofia. Pensa como Pacheco, pois é fiel aliada do governador Fernando Pimentel (PT). O presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, é cotado para a vice do petista, na chapa pela reeleição, ou pode disputar o Senado, mas sempre em conjunto com o PT estadual.
Por outro lado, Pacheco é o nome de maior visibilidade do PMDB mineiro e com mais chances de conquistar o Palácio da Liberdade. E as ações na CCJ o credenciam para a vaga.
Para compor o bolo tem ainda o presidente estadual da legenda, Antônio Andrade. O vice-governador não morre de amores pelo governador. Pelo contrário, nos bastidores, aposta na queda de Pimentel antes das eleições de 2018. Em tempo: o governador é alvo de denúncia do Ministério Público e o Superior Tribunal de Justiça ainda irá decidir se aceita ou não a denúncia. Se acatar a denúncia, Pimentel poderia, caso decida o relator do processo, ser afastado do cargo em uma medida drástica. Andrade terá ainda a responsabilidade de conduzir a legenda nas eleições de 2018. Mesmo não tendo maioria dentro do partido, passarão por ele decisões importantes, especialmente as vinculadas à chapa proporcional, ou seja, a eleição para deputados estaduais e federais.
Com todos esses ingredientes, obviamente uma reunião de bancadas não terminaria em consenso. Está montado o palco para as disputas que virão no PMDB. O pano de fundo? As eleições pelo governo de Minas e a sobrevivência da bancada.
Temer fora
Em Brasília, já se fala em um presidente moribundo. Mesmo creditando às especulações, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), tem feito acenos ao mercado. Hoje, a possibilidade dele assumir é muito grande.
CCJ
Na Comissão de Constituição e Justiça, Temer deve sofrer a primeira derrota. Placar informal de sexta-feira era de 30 votos a 30. Empate. Mas, como na próxima semana devemos ver mais uma etapa do processo de delação de Eduardo Cunha, os números passarão a muito desfavoráveis ao presidente.
Fiat
A FCA (ou Fiat) comunicou ontem que Marco Antônio Lage não é mais o diretor de Comunicação da empresa. Desde o início do ano a Fiat tem feito reestruturação de pessoal.