Siderurgia sucumbe a medidas de Temer e Petrobras fica na berlinda

01/06/2018 às 18:25.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:23

Empresários da siderurgia assistiram incrédulos ao anuncio feito pela equipe econômica do presidente Michel Temer (MDB) sobre as medidas que custearão a redução de R$ 0,46 no preço do diesel. O setor negocia, desde o fim do ano passado, com o governo Temer o aumento da alíquota do Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras) de 2% para 5%. O Reintegra é uma espécie de devolução de impostos feita pelo governo sobre os produtos manufaturados que são exportados. É um incentivo às exportações e valoriza a ideia de que não se pode exportar imposto.  A reivindicação tornou-se mais forte em março deste ano, após o presidente norte-americano Donald Trump emitir a chamada seção 232, que impõe uma sobretaxa de 25% para o aço importado nos Estados Unidos. Com o baque provocado pela seção 232 na siderurgia brasileira, os empresários do setor pediram ao governo federal que estudasse a possibilidade de aumentar a alíquota do Reintegra e aumentasse o percentual do chamado conteúdo local (que é a proporção de dos investimentos nacionais aplicados em um determinado bem ou serviço, correspondendo à parcela de participação da indústria nacional na produção desse bem ou serviço). Essas são as duas principais pautas da siderurgia para fazer frente às medidas de Trump.  Para surpresa dos industriais, na noite de anteontem a equipe de Temer anunciou que reduziria de 2% para 0,1% a alíquota do Reintegra. Justamente o contrário do que demandava o setor. A medida certamente provocará, com razão, uma chiadeira coletiva da siderurgia. E colocará em risco todo um plano de investimentos no país.  Petrobras A saída do presidente da Petrobras do cargo, Pedro Parente, pegou muito mal no mercado. A empresa perdeu, apenas ontem, R$ 46 bilhões em valor de mercado. Pedro Parente recuperou a credibilidade da Petrobras em um momento de grande desconfiança, com política de preços errônea e estando a empresa imersa em escândalos de corrupção.  Para se ter ideia, o endividamento estava na casa dos R$ 369 bilhões. Ele entrega a petroleira com dívida de R$ 270 bilhões, ações em alta (até o início da greve dos caminhoneiros), e a confiança do mercado (também abalada pelos eventos de ontem). Foi preciso mudar a política de preços e dar início a um programa de venda de ativos. Parente reposicionou a Petrobras. Se no governo da ex-presidente Dilma Rousseff, a empresa congelava preços e pagava a conta, na gestão Parente foi adotada a política de internacionalização, atraindo investidores e dando um ar mais profissional à Petrobras. Porém, houve aumento de demanda global, o que impactou no preço do barril, e o dólar vendido e comprado no Brasil deu um salto. Por isso, dos reajustes mais robustos.  A saída de Parente da Petrobras sinalizou ao mercado que essa política, que deu credibilidade a petroleira, pode ceder aos apelos políticos. Por isso, a queda vertiginosa no valor de mercado. O currículo de Parente é de dar inveja em qualquer CEO. Foi ministro de Fernando Henrique (gerenciando a crise do apagão), presidente da Bunge no Brasil, vice-presidente-executivo do Grupo RBS, consultor do FMI e conselheiro da BRF. Esse último cargo, acumulava com a presidência da Petrobras. Perde a petroleira, perdem os brasileiros.   

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