É preciso pensar grande

06/04/2016 às 22:39.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:50

Se defendia, há algumas semanas, que Élber vinha pedindo passagem entre os titulares do Cruzeiro, agora, com as duas últimas atuações, podemos cravar: o meia-atacante, no melhor dos sentidos, já meteu o pé na porta, invadiu o ônibus sem solicitar licença e, altivo, sentou na janela; não pode, nesse momento, sair da equipe! 

O fundamental ganho que o jovem da base traria ao time, claro, seria técnico. Habilidade, velocidade, dribles, talento, arrancadas... Como se não bastasse, dá para projetar que, com a entrada dele, taticamente, o conjunto tem tudo para crescer. Em quase todos os jogos da temporada, a Raposa mostrou-se meio torta; atacava em excesso pela esquerda e pouco acionava o lado oposto.

Samba de uma nota só. A razão era clara: na ponta canhota, a presença de Alisson, um atleta agudo, ofensivo, da posição, que, para completar, frequentemente dialogava com o inteligente Cabral e com Miño, lateral dono de vocação ofensiva até por ser, prioritariamente, um armador.

No flanco direito, próximo ao ataque, na maioria das partidas, não existia um sujeito por conta da posição. Arrascaeta, que chegava a aparecer por ali num 4-3-3, tinha incumbência de flutuar entre este setor e o centro, num trabalho no qual era um pouco homem de beirada, e um tanto armador.

Em outras ocasiões, numa espécie de 4-4-1-1 similar ao que Mano escolheu na reta final do ano passado, o uruguaio era um atacante por trás do camisa “9”, com liberdade de se movimentar e sem instrução para, especificamente, fazer o lado com assiduidade. Neste sistema, pela direita, quem aparecia era Romero.

Conforme Willians em 2015, o argentino parecia um híbrido de volante e meia pelo lado, ora se situando mais próximo de Henrique e Cabral, pelo centro, ora abrindo de maneira mais clara. De qualquer forma, em todas estas estruturas, os celestes não tinham uma arma ofensiva claramente orientada para ser uma válvula de escape na ponta direita, com a obrigação de ficar ali na maior parte do tempo. 

Outra possível vantagem da provável fixação de Élber entre os titulares se encontra na perspectiva de Mayke crescer. O lateral teve seus grandes momentos na carreira quando auxiliado por Éverton Ribeiro. No 4-2-3-1 de Marcelo Oliveira o “chapeleiro” era a peça que ocupava a faixa direita da linha de três meias.

Como tal, fazia dobradinha excelente com o jovem lateral que, naquele instante, subia da base. Se Mayke, digamos, abusou da paciência da torcida desde que o largaram sem um parceiro talentoso para tabelar pelo seu lado, e por mais que um jogo seja pouco para conclusões, sua atuação domingo com o apoio de Élber resgata ao menos uma centelha de esperança.

Será que, finalmente, amparado por um meia-atacante bem ofensivo e hábil, que cai bastante por ali, ocupa os espaços, atrai as atenções, Mayke novamente brilhará? Realmente acho que pode ser o caso. Élber chama a marcação, abre buracos pelos flancos e pode funcionar, ainda, como garçom para as ultrapassagens do lateral – que aproveitaria justamente a lacuna deixada pelo marcador que seguiu o meia ou ficou hesitante sobre quem marcar (Élber ou Mayke). 

Imaginando quem sairia para Élber entrar na equipe, Deivid teria duas possibilidades: jogar como no domingo passado, com um time mais ofensivo, sem Henrique, ou com a volta deste volante e a saída de Arrascaeta. Em nome do talento, da ambição, ficaria com a primeira opção. Romero primeiro volante; Cabral segundo homem; Élber e Alisson como pontas; Arrascaeta flutuando pelo centro, ora ajudando os volantes, ora armando por ali, fazendo parte de um quarteto ofensivo; Bigode na frente.

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