As qualidades de Deivid e o preconceito sofrido

30/03/2016 às 22:50.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:42

As principais características que um treinador precisa ter, grosso modo, são três. Capacidade de pensar e entender o futebol profundamente, em termos táticos, de leitura de jogo, observação dos reais atributos de suas peças e montagem de um conjunto que funciona como tal na acepção da palavra, em sintonia fina, em boa sincronia, minimamente sofisticado e eficiente no que se refere à estratégia; traquejo, boa habilidade para gestão do grupo, psicológica, para lidar com todos os aspectos humanos que envolvem a própria função de um chefe, um líder; e, por fim, conhecimento e aptidão para escolher e aplicar métodos de treinamento corretos. Óbvio que poderíamos subdividir essas categorias de modo a contemplar diversos detalhes. Mas fiquemos, por ora, com esse olhar mais geral.

Se pegarmos os tópicos assinalados, e pensarmos nos traços que Deivid carrega, devemos ficar otimistas quanto ao presente e ao futuro dele. O comandante celeste é um estudioso inveterado de tudo que envolve o lado tático do esporte bretão. Posso falar disso com segurança por longas e numerosas conversas que tive com ele, mas também por diversas informações apuradas com fontes nas quais confio quando o assunto é o dia a dia da Raposa. Conhecimento, conteúdo e estudo: as coisas mais importantes – e as mais negligenciadas, em incontáveis áreas e de infinitas maneiras, no nosso país – ele têm.

Quando o assunto é gestão humana, a despeito da suposta falta de experiência, as notícias seguem positivas. Luxemburgo definhava em um estilo ultrapassado nesse sentido, prejudicando o ambiente com broncas homéricas, desproporcionais, arrogantes e mal educadas. Nesse período, Deivid, apesar da pouca idade e de menos rodagem do que o chefe de outrora, exalava sabedoria ao ser aquele sujeito que chamava os atletas no canto, conversava com tranquilidade, ao pé do ouvido, e limpava a barra – quer dizer, amenizava a sujeira... – do velho “profexô”. As próprias manifestações verbais e gestos do elenco cruzeirense defendendo o atual técnico – em público ou nos bastidores do clube – já vêm de longe, são constantes e soam totalmente genuínas – principalmente se atentarmos para as circunstâncias nas quais elas materializaram-se, o jeito com que foram expostas ao mundo –, e como tais, surgem como provas concretas de que ele é eficaz, vêm produzindo resultados nessa seara.

Métodos de treinamento? Nos tempos de Luxemburgo, Deivid já sugeria maneiras avançadas e inteligentes de preparação do time nesse aspecto. No que tange a essas novidades, o velho Luxa, frequentemente, por vaidade, pouco ouvia. Na prática, muitas vezes Deivid coordenava e comandava os treinos no cotidiano. Nesse campo, ele participava diretamente também na gestão Mano Menezes. Para completar, o imprescindível; de novo, o conhecimento: o técnico celeste absorveu, aprendeu bastante no quesito aqui apontado com o gaúcho citado, mas não somente; sempre esteve atento aos ensinamentos dos ótimos treinadores pelos quais foi comandado ao longo da carreira de atleta, principalmente Luis Aragonés (embora o próprio Luxemburgo dos tempos áureos também possa ter agregado, influenciado consideravelmente).

Se o time conquistou bons resultados na temporada até aqui, e, embora não tenha convencido em muitas partidas, não apresentou nada minimamente devastador para merecer as constantes e exageradas repreensões das quais é alvo, por que Deivid sofre surreal rejeição mesmo depois da vitória no clássico? Simples: desconhecimento e preconceito injusto. Em breve, detalhes sobre o tema...

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