Mano Batista

05/07/2017 às 10:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:23

A expressão “Professor Pardal” começou a ser aplicada no futebol com o intento de adjetivar treinadores adeptos de um invencionismo, digamos, pouco inteligente. Ganhando vida na sociedade, porém, banalizando-se de alguma maneira, recebeu novos sentidos, novas utilizações – ainda que seus arautos acreditassem que seguiam com a acepção purista. 

Nesta toada, frequentemente passaram a ser assim homenageados técnicos que faziam qualquer coisa que fugia minimamente de determinada obviedade, do caminho “tradicional” – mesmo quando a decisão se provava acertada e não tinha uma migalha de vanguardista: o parâmetro aqui esbarra no retrógrado, no simplista, naquele lado anti-intelectual do futebol. Feito o preâmbulo, alerto: nada do que vou dizer a seguir vincula-se remotamente ao intento de definir os nomes citados com a fatídica alcunha sobre a qual acabo de discutir.

No último clássico, por volta dos 25 minutos do primeiro tempo, o Atlético melhorou no jogo, atacando principalmente pela esquerda. Mano Menezes enxergou corretamente o que acontecia. Mas a tentativa de solução... 

Com o objetivo de fortalecer o lado direito da sua marcação, Mano trocou três jogadores de posição. Sóbis, inicialmente “falso 9”, virou meia pela direita – ou, se preferirem, secretário de lateral; Thiago Neves, que começara como armador, tornou-se a peça mais adiantada do conjunto; de arquiteto aberto pela direita, Robinho deslocara-se para o labor de meia central. Pronto... O time não produziu mais.

A nova estrutura da equipe celeste, nos moldes delineados no parágrafo anterior, já tinha dado errado antes – final do Mineiro... Thiago Neves – ou Arrascaeta – claramente rendem melhor vindos de trás, abastecendo o centroavante. Sóbis não tem dinâmica, velocidade e habilidade tão compatíveis ao trabalho de um meia – com o de um atacante mais adiantado, tem. 

Robinho, por fim, deu extremamente certo na Raposa como armador que atua pela direita e, periodicamente, ao longo dos jogos, vai afunilando, com o intuito de confundir a marcação, sair do embate com o lateral adversário, e dar superioridade numérica a seu escrete pelo centro – nessa elaboração, sejamos justos, mérito de Mano. 

Com toda a mudança de posicionamento destacada, Mano, em si, não resolve a dificuldade de sua equipe na marcação; para piorar, praticamente mata o momento ofensivo do seu conjunto. Portanto, ainda que Sóbis melhorasse um pouquinho o combate pela beirada, entre perdas e ganhos, o custo-benefício da nova engenharia não seria minimamente interessante. 

E digo desde já: sei que a questão física de Robinho pode ter interferido na decisão. Mas, de novo, entre perdas e ganhos, levando-se em conta o bom senso, o custo-benefício, não justifica... Lembremos, entre outras coisas, que ter a bola, atacar, construir, agredir, preocupar o adversário com certos posicionamentos ofensivos, também é uma forma de se defender.

Como, então, Mano deveria melhorar o bloqueio às investidas do Galo pela esquerda? Tentando coisas mais simples: dando instruções para Robinho e Ezequiel, que já caiam por ali, ficarem atentos; pedindo para Romero, volante marcador, observar com afinco especial aquele setor; recorrendo a uma compactação defensiva interessante que “tumultuasse” aquele cantinho do campo; quem sabe até, por que não, pedindo a Thiago Neves ou Sóbis para ajudarem defensivamente por aquele lado (sem mudar esses caras definitivamente de posição).

Vendo uma possível deficiência da sua marcação acertadamente, mas mexendo em coisas que davam certo, sem necessidade, e sem exatamente corrigir o próprio problema que possuía em primeiro lugar, Mano me lembra de Adílson Batista quanto este, notando que o lateral sofria, desmantelava o meio-campo deslocando para o lado Marquinhos Paraná, que como volante vinha muitíssimo bem e...

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