A delação mais aguardada da história

19/10/2016 às 19:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:17

A força-tarefa da operação ‘Lava Jato’ chegou ontem ao segundo clímax desde sua deflagração, há pouco mais de dois anos. O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha é a maior figura política até agora a ser presa, já que o ex-presidente Lula passou “apenas” por condução coercitiva. Mas as consequências desse ato do juiz Sérgio Moro são aguardadas com expectativa pela população e absoluta apreensão na maioria dos gabinetes de Brasília. 

Eduardo Cunha chegou onde chegou não só pelos votos e esforço. Pode ter sido um dos chefes de esquema de corrupção, como diz o Ministério Público Federal, mas também foi ajudado por barões da política que fizeram ele chegar onde chegou. Deve favores a muitos, certamente. 

Portanto, não esperem que Cunha faça uma deleção premiada com pouco tempo de prisão, conforme prevêem alguns analistas e torcem milhões de brasileiros. Não deverá haver tão breve uma lista de cúmplices em supostos desvios e irregularidades. 

Como toda pessoa fascinada pelo poder, Cunha resistirá no primeiro momento. Vai confiar na máxima histórica no país de que quem tem dinheiro e prestígio não permanece preso por muito tempo – anteriormente nem ia preso. A ficha só deverá cair após alguns meses de cela, caso os advogados não consigam um habeas corpus. Foi o que ocorreu com o empreiteiro Marcelo Odebrecht, cujo resultados da provável delação não vimos ainda na prática. 

Caso Eduardo Cunha continue evitando a colaboração com a Justiça, poderá ser como um empresário, que se negou a ajudar, e, quando quis, os juízes já não julgaram as suas informações como essenciais para a condenação de outros. Levou 40 anos de prisão sem a companhia de outros apontados como chefes do esquema que operava. 

Por mais que a prisão de Cunha seja mais um marco da luta contra a corrupção no país, ela não fecha o ciclo investigado pela ‘Lava Jato’ que, se não sofrer influência, deverá seguir por meses ou anos. Muitos pontos ainda precisam ser esclarecidos, principalmente, os principais beneficiados pelos desvios. 

Por muito ou por pouco tempo, o certo é que as farmácias de Brasília vão vender muito medicamento para dormir enquanto Cunha estiver preso. 
 

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