A volta da classe média à escola pública

08/02/2017 às 21:36.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:46

Quem tinha filhos em idade escolar ou quem estudou nas décadas de 1980 e 1990 certamente se lembra que, para se estudar em escola particular, só sendo rico. Os mais pobres só conseguiam acesso aos colégios mais caros por meio de bolsas ou programadas filantrópicos. A escola pública tinha, na média, uma qualidade boa de ensino, mas os particulares ainda era tidos como as melhores. 

Com o aumento da renda nos anos 2000, a classe média passou a ter condições para também colocar os filhos nessas escolas. O ensino privado cresceu significativamente. 

Aliás, há quem atribui a decadência do ensino público, além da redução dos investimentos governamentais nessa área prioritária, também à saída das instituições de uma parte da população mais combativa e conscientes dos seus direitos, que é a classe média. 

O certo é que a redução da renda dos trabalhadores nestes últimos anos já vem causando um movimento inverso ao observado na década anterior. 

No caso de Belo Horizonte, os pais enfrentam questões diferentes dependendo da faixa etária dos filhos. Para quem procura vagas na pré-escola, para crianças de 4 e 5 anos, a situação é bem melhor do que há anos atrás. As Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) são um modelo que deu certo e com boa qualidade. Hoje, nessa faixa etária, praticamente quem busca vagas gratuitas consegue. E o ensino é de uma qualidade bastante satisfatória para os padrões brasileiros. Essa é uma conquista que a capital mineira não pode perder nunca mais. 

Para quem tem crianças maiores, a situação é mais delicada. Ainda existem boas escolas públicas, com boas notas no Ideb, mas não são todas. Além disso, os pais precisam levar em consideração também a logística para levar as crianças até a instituição. Portanto, muitos podem estar sim preocupados com uma piora na qualidade da educação oferecida aos filhos. 

O ideal seria que todas escolas no Brasil públicas tivessem uma qualidade satisfatória, no mínimo, e que a matrícula da criança um ensino mais caro seja apenas uma opção para os pais. Mas esperamos que, com o retorno da classe média à escola pública, por falta de opção, haja uma pressão maior para um salto de qualidade na educação.

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