Acabou o papel

28/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:04

Uma pessoa nasce, é registrada em um cartório por um dos pais gratuitamente (talvez o único serviço não pago a um tabelião), mas, quando vai requerer a identidade, precisa apresentar uma certidão de nascimento válida, mesmo que possua a original em boas condições de conservação. Ou seja, é necessário dirigir-se ao cartório do primeiro registro e solicitar uma segunda via ao valor de R$ 116, que é válida por apenas seis meses.

Para se casarem, os noivos têm que, além de desembolsar os R$ 232 das certidões de nascimento de ambos, pagar R$ 398 para o casamento civil, para o qual será emitido um documento, que também tem validade, 90 dias. E assim acontece também com outras certidões e papéis exigidos pela máquina burocrática chamada Brasil.

E a realidade não poderia ser diferente quando se trata do passaporte. Para emitir o documento, esse válido por 10 anos (pelo menos mais longevo que os acima citados), o viajante vai gastar pouco mais de R$ 257, depois de passar um tempo digitando todos os seus dados no site da Polícia Federal. No entanto, após esse processo e o pagamento da taxa, chega a hora de marcar a data para a efetiva emissão do documento. E é aí que, nos últimos dois meses, a “coisa” tem parado.

De acordo com a Casa da Moeda, o número de pedidos aumentou desproporcionalmente entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2016

Desde o dia 20 de abril deste ano, a entrega dos passaportes está atrasa em pelo menos 30 dias. O motivo? Acabou o papel, e ninguém viu... A PF demorou mais de 10 dias para vir a público e dizer que a matéria-prima usada na confecção da capa do passaporte havia acabado e que já havia feito o pedido para Casa da Moeda, que fabrica o produto, mas não havia chegado.

Então, ao que parece, o servidor ou os servidores responsáveis por fazer os pedidos ao fornecedor não perceberam que aquela quantidade de matéria-prima seria insuficiente para a alta demanda de retirada de documentos para viajar já conhecida da Polícia Federal em função da chegada das férias escolares. Talvez tenham pensado que, na crise econômica por que passa o Brasil, o número de viajantes seria muito inferior a períodos anteriores.

Quando esses atrasos começaram, os que tinham pretensão de viajar esperaram por até 45 dias e, para um órgão que entregava o documento em seis dias úteis, muita gente confiou no prazo e perdeu ou teve que adiar a viagem. Um custo alto que, se for ressarcido via Justiça, vai demorar muito para voltar para o bolso de quem gastou.

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