A tragédia de Janaúba não ficará marcada para sempre somente na vida de quem foi vítima, perdeu algum familiar, ou mesmo de moradores que a presenciaram. As perdas de crianças que mal começaram a vida ficarão marcadas para sempre em todos que acompanharam o noticiário. Uma semana após o terrível acontecimento, a população da cidade tenta retomar a vida. E é hora de tentar buscar alguma explicação para algo tão trágico e saber se algo poderia ser feito para evitá-lo.
Por esse lado, dá para fazer um paralelo com a aviação comercial, área em que todo acidente grave quase sempre causa um número grande de vítimas de perdem a vida de forma repentina. Nesse setor, toda queda de aeronave é investigada com muito cuidado e critério, para que correções sejam feitas em procedimentos, evitando que a mesma falha ocorra novamente e provoque mais perdas.
E quais lições podemos tirar de Janaúba? Certamente, já há condições de apontarmos algumas. Primeiro, temos que preparar os ambientes em que nossas crianças ficam boa parte do dia para incidentes do tipo. Escolas são ambientes em que qualquer chama pode se alastrar facilmente por conta dos materiais inflamáveis, principalmente papel e madeira de móveis. Por isso, todos esses locais precisam ter equipamentos de combate ao fogo e pessoas treinadas para manuseá-los. As próprias crianças podem ser treinadas a agir de forma mais segura em situações em que seja necessária a evacuação do prédio. Segurança aprende-se desde pequeno.
A vistoria do Corpo de Bombeiros em outras escolas de Janaúba nesta semana apontou que nenhuma cumpre a legislação contra incêndios. O que mostra o nosso despreparo.
Com a alta de mais um ferido ontem do Hospital João XXIII, temos ainda 13 pessoas internadas. Será que o socorro foi suficientemente rápido? Poderia ter sido melhor? Os protocolos adotados foram eficazes?
Também podemos levantar algumas questões na área social e de saúde mental, mesmo a autoria do crime já sendo esclarecida. Será que há algum jeito de prever esse comportamento do autor? Por que alguém chega ao ponto de cometer essa atitude covarde?
É o momento de todo mundo refletir sobre o que pode ser feito para que nunca mais famílias tenham que passar por tamanha dor. Temos que aprender algo para que as mortes de nove crianças e de uma professora não tenham sido em vão.