Aumento em péssima hora

17/08/2016 às 20:42.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:25

O consumidor brasileiro mau se acostumou a absorver o aumento nos preços dos alimentos e tarifas públicas nos últimos meses, e já terá que se acostumar a pagar mais pela conta de luz a partir de setembro. A bandeira amarela será acionada com o objetivo de cobrir os custos das geradoras de energia devido à baixa nos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas. 

Na prática, o aumento mensal poderá ser de R$ 4,50 para uma família que consome 300 kwh, composta por quatro pessoas. Pode parecer pouco, mas se multiplicarmos por milhões de residências é um aporte financeiro considerável para as empresas do setor. Além disso, para empresas que possuem um consumo muito acima da média é mais um custo que vai para a planilha de gastos no fim do mês, ajudando a agravar ainda mais a situação em plena crise. 

Mas, por outro lado, a justificativa para o aumento é que chama mais a atenção. A redução dos níveis de reservatórios devido às chuvas é esperada para o inverno, tempo mais seco do ano. Mas, segundo dados do Operador Nacional do Sistema, houve um aumento no consumo de energia elétrica. Ou seja, esse é mais um sinal de que pode sim estar havendo uma retomada da atividade econômica, como já mostramos aqui nos números de vendas da indústria de base. Naturalmente, as confirmações só virão nos balanços trimestrais do Produto Interno Bruto (PIB). 

Mas o aumento poderia ser sim evitado neste momento, ou pelo menos, adiado por mais alguns meses. Os reservatórios estão baixos, mas longe do nível crítico do ano passado, quando houve até racionamento de água para consumo humano. 

Além de evitar alta nos custos de produção para as empresas que estão se virando para se manter, esperar um pouco mais para acionar a bandeira amarela ajudaria a consolidar o clima de confiança na recuperação da economia interna – ou pelo menos um reforço na expectativa de retomada –, e o que o Brasil precisa hoje é justamente um clima de otimismo para que os investimentos voltem a ser aplicados no país, principalmente os estrangeiros. 

Não que um reajuste desse vá fechar alguma empresa, mas pode ameaçar alguns postos de trabalho ou fazer com que investimentos futuros não sejam concretizados. Afinal de contas, uma bandeira amarela é meio caminho para uma vermelha, e o empresário já acumula muitas perdas. 

Vamos torcer para que o acréscimo na conta de luz não afete tanto as empresas e que a bandeira amarela passe bem rápido com as chuvas de outubro. 
 

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