Brasileiro foi seduzido pelo crédito fácil

04/02/2017 às 00:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:41

O Brasil cresceu muito na primeira década deste século. O aumento da renda de classes menos favorecidas e o crescimento dos programas sociais foram uma das características marcantes do governo do ex-presidente Lula. Outro fator importante foi a grande oferta de crédito. 

De uma hora para outra, milhões de brasileiros, que antes nem eram recebidos pelos bancos, tiveram à disposição empréstimos com taxas menores (não que fossem baratas) e prestações a perder de vista. O empréstimo consignado se popularizou, com muitos servidores pegaram empréstimos para filhos, cônjuges e outros parentes. O sonho da casa própria também ficou mais próximo. 

Imagine: antes uma pessoa tinha que juntar dinheiro durante muito tempo para comprar um lote e ir construindo uma casa aos poucos. De repente, com o dinheiro do lote você poderia dar entrada em uma casa pronta e ir pagando em 20 ou 30 anos. 

O problema é que todo muita gente tomou a decisão olhando para o passado, não pensando no que poderia acontecer para frente. Hoje, a devolução de casas à Caixa por causa da inadimplência bate recorde, conforme mostramos na edição de hoje. 

É uma pena que muita gente tenha que abrir mão do sonho da casa própria por ter cometido um erro de avaliação, sem qualquer intenção de provocar dano. São famílias inteiras que voltam para o aluguel depois de investir tanto dinheiro em algo que, agora, não têm. 

A situação dessas pessoas é poderia ser olhada com um pouco mais de carinho nesse tempo. O Brasil passou tanto tempo dando incentivos fiscais a empresas que poderia conceder uma linha de crédito (mais uma?) ou abrir mão de taxas e multas, no caso dos bancos públicos, para que essas pessoas consigam renegociar o que devem. Pedir benevolência a bancos privados é um pouco demais. 

As próprias instituições financeiras têm muita culpa nisso, pois incentivaram bastante o fechamento de contratos sem pensar se a economia brasileira iria se manter. A maioria dos contribuintes, sem informações suficientes e sem experiência na questão de crédito, foi seduzida e caiu na armadilha. 

Infelizmente, muitos de nós aprenderam da pior forma o significado do termo “crédito responsável”. 

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