Corte de gastos dá o tom dos discursos

01/01/2017 às 22:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:17

Praticamente todos os prefeitos das principais cidades do país tomaram posse ontem falando em corte de gastos, enxugamento da máquina e administração responsável dos recursos públicos. Quase todos fizeram ou planejam fazer uma reforma administrativa para que haja menos cargos de primeiro escalão, economizando na folha salarial. 

A posição casa bem com o momento pelo qual todo o país passa, mas tem um pouco de marketing também. Ora, gerir os recursos públicos com ética, responsabilidade, sem exageros e desperdícios, e sem cargos com altos salários cuja função é somente de agradar aliados políticos deveria ser a obrigação de todos os gestores em todas as esferas públicas. 

Não há nenhum diferencial em se comportar assim. Em países com um mínimo de seriedade, seriam falas absolutamente desnecessárias. Aliás, tem muitos gestores por aqui que também pregam discurso de austeridade, mas andam gastando recursos públicos com festas e compras de comidas caras. 

Isso posto, o fato é que não deverá ser fácil para manter a qualidade dos serviços públicos, que já são ruins, em uma recessão tão grande. E esses serviços municipais são aqueles que a população mais sente, como o atendimento no posto de saúde, a estrutura das escolas, a limpeza urbana e o transporte. Com menos dinheiro, o principal desafio dos prefeitos é justamente fazer com que a população não sinta piora na administração.

Além do caixa, os novos prefeitos também terão que cuidar da relação com os vereadores. Alexandre Kalil, João Doria, Marcelo Crivella e outros tantos pelo país se elegeram com o discurso de não serem políticos. No caso de BH, a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, ocorrida em clima tenso, já deu um aperitivo de como, na prática, não é assim que a banda toca. 

Se bem que, sem cargos para distribuir entre os parlamentares, em troca de apoio, a relação Executivo e Legislativo volta ao nível que deveria sempre ser: de debate e de, às vezes, algum confronto. Nós que nos acostumamos a um modelo viciado. 

Haverá muito trabalho para as novas gestões que se iniciam e será necessário muito jogo de cintura para a contornar os desafios. Mesmo que a contragosto, todos terão que fazer política se quiserem que a gestão sobreviva.

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