Desafios para o uso medicinal da maconha

23/03/2018 às 23:09.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:00

É sofrida a batalha dos pais de crianças mineiras portadoras de epilepsia grave que necessitam do canabidiol – substância derivada da maconha – para evitar que elas não sofram crises de convulsão. O alto custo de importação – famílias chegam a desembolsar R$ 5 mil mensais para adquirir o medicamento – e a resistência dos médicos em prescrever a substâncias são os principais entraves no caminho daqueles que necessitam do produto. Outra via para a obtenção do medicamento, além da importação, é recorrer à Justiça para recebê-lo gratuitamente por meio de programa da Secretaria de Estado de Saúde, mas a tarefa também não é fácil. 
De acordo com o deputado estadual e ex-secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge, um dos defensores do uso medicinal da Cannabis, o SUS não conta ainda com médicos habilitados para prescrever o medicamento. A oferta na rede pública é também reduzida. Existem ao menos oito marcas do canabidiol no mercado, sendo que o atendimento dos pacientes judicializados é feito exclusivamente pelo óleo de cannabis, conforme prescrição médica e ordem judicial, podendo ser frasco, seringa ou cápsula.
Na rede privada, os pacientes, muitas vezes, para vencer a resistência dos médicos em prescrever, são obrigados a dedicar horas para convencê-los de que o medicamento traz alívio para a doença. Enquanto isso, as crianças portadoras de epilepsia graves sofrem com convulsões que causam sofrimento não só a eles, mas também aos pais, ao verem os pequenos em agonia. Se o uso da medicação mostra-se eficaz, por que tanta resistência dos profissionais de saúde em prescrever a substância para o tratamento? A demanda de pacientes mineiros pelo canabidiol dobrou no período de um ano, de acordo com dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que emitiu 171 autorizações para importação do produto em 2017. Um aumento de quase 99% na comparação com o ano anterior, quando 86 pessoas conseguiram a permissão no Estado. Está na hora de a rede pública ampliar a oferta do medicamento e os médicos reverem seus conceitos em relação ao uso medicinal da maconha.
 

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