Educação não deveria ter cortes

03/03/2017 às 19:26.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:48

Sempre quando há arrocho fiscal, a educação é deixada em segundo plano no Brasil. Ser pesquisador em uma universidade federal ou instituição pública então é quase um ato de heroísmo. Essas áreas são as primeiras a sofrer cortes quando há uma determinação de redução de gastos gerais. 

A falta de visão de futuro dos nossos governantes confunde, mais uma vez, custeio com investimento. Cortar gastos com telefone, água, luz, internet, gasolina, material de limpeza, cafezinho é bem diferente de cortar insumos de laboratórios tecnológicos. Sem eles, estudos de décadas são prejudicados. Mas “a decisão que vem de cima” determina que as verbas a partir de um momento serão reduzidas, e que todos se virem para manter as pesquisas. 

Cortar investimentos em universidades é garantir que o país permaneça no atraso em relação ao mundo, abrindo espaço para que outros países ocupem um espaço de referência em diversas áreas. A longo prazo, é causar um impacto nas contas públicas, pois produtos e fórmulas que poderiam ser desenvolvidos aqui precisam ser importados, gerando mais custos. 

Existem alguns setores que nunca poderiam sofrer contingenciamentos em seus repasses. Saúde e educação já poderiam ter os recursos enviados automaticamente após a definição de um percentual da receita em todos os níveis de governo. Caberia aos administradores de cada pasta ou setor a distribuição dos recursos de acordo com as prioridades. Algo semelhante como o que ocorre com os recursos que mantêm os poderes Legislativo e Judiciário. Para esses, nunca falta dinheiro. 

Enquanto os ministérios prioritários forem tratados como qualquer outro, baseados em uma lógica estritamente política, cortes como esses que mostramos na edição de hoje nas universidades públicas federais serão sempre realizados em nome de um sinal para o mercado de gestão eficiente. 

Sem educação, não há nação do futuro, e sem a pesquisa não há inovação para garantir ganhos a longo prazo. Mas cobrar a priorização de investimentos nessas áreas talvez seja querer muito de um governo que se concentra agora em fugir de denúncias de irregularidades e que, certamente, se contentará em chegar ao fim do ano que vem ainda no comando do Palácio do Planalto. 
 

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