Entregues à sorte nas estradas

05/07/2017 às 20:17.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:24

A redução da carga horária de trabalho dos agentes da Polícia Rodoviária Federal é mais uma medida extrema que demonstra como o país está sem rumo, sem direção. Assim como a suspensão da emissão de passaportes pela Polícia Federal, a medida tem o objetivo de adequar as operações aos recursos disponíveis para a corporação no orçamento deste ano. Mais uma vez a população é a maior prejudicada. 

A diferença está no alcance da medida. Fora casos excepcionais, as pessoas podem adiar viagens ao exterior – mesmo que isso signifique um grande transtorno. No caso da redução da atuação da PRF, estamos falando do órgão responsável pelo policiamento das rodovias federais que cortam o país, que são responsáveis por ligar as maiores cidades e regiões-polo. É quase como a Polícia Militar reduzir a sua atuação dentro das cidades. Um absurdo. 

Em Minas Gerais, o impacto do corte é ainda maior. Temos a maior malha rodoviária federal do país. Pelo nosso território passam as estradas que ligam o Sul ao Norte, o cerrado ao litoral, os grandes produtores do Centro-Oeste aos portos mais movimentados. Boa parte da riqueza da nação passa pelo estado. 

Mas a partir dessa decisão, os mais de 40 mil km de asfalto em terras mineiras estarão praticamente sem policiamento, já que serão paralisados vários serviços de investigação e inteligência. Sim, muita gente se esquece, mas os policiais rodoviários também investigam, não ficam somente verificando documentos e atendendo acidentes. Bem, parece que a partir de agora, será assim. 

Ampliando um pouco a análise, corporações estão interrompendo o serviço prestado à população e o governo federal, chefe supremo desses agentes, não move uma palha sequer. Não há um quadro de indignação, nem uma cobrança direta ao diretor geral dos órgãos, ou uma ação para resolver o problema de caixa da corporação. 

O governo age como se a PRF fosse uma empresa particular que reduz a prestação do serviço por causa da crise econômica. Não é! Pagamos impostos para ter, entre outras coisas, segurança nas estradas. Mas agora infratores e criminosos terão mais facilidade para circular por entre os motoristas de bem. Estamos sendo entregues à própria sorte nas rodovias, além de lesados como contribuintes. 

  

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