Os casos de queda de árvores, com ocorrência de mortes e muitas vezes com graves danos ao patrimônio público e ao particular, multiplicaram-se nos últimos anos em Belo Horizonte, mesmo fora dos períodos de chuva.
Seja por idade avançada, por falta de cuidados adequados, por agressões variadas relacionadas à ocupação humana ou pelo ataque de pragas – como a do besouro metálico, que comprometeu recentemente centenas de árvores da capital –, a cobertura vegetal da outrora chamada “Cidade Jardim” passa atualmente por uma grande operação de poda e supressão.
Dados da Prefeitura indicam que, este ano, até o momento, 17 árvores foram cortadas a cada dia na cidade. Isso representa mais que o dobro das oito, em média, que passavam pelo mesmo procedimento, também diariamente, em 2017.
O trabalho, informa o poder público, foi precedido por um amplo pente-fino de espécimes com maior chance de cair.
Desde abril, quando a queda de uma árvore sobre um transformador de energia incendiou nove carros e estragou outros dois no bairro de Lourdes, na região Centro-Sul da cidade, a força-tarefa criada para executar essas ações suprimiu 1,3 mil espécimes e realizou 6,6 mil podas.
No total, houve intervenções em 7,9 mil árvores – mais que as 7 mil inicialmente previstas para o período. Embora a medida seja mais que justificada, tendo em vista estragos e mesmo tragédias que árvores podem causar quando caem sobre carros e pessoas, não se pode esquecer da importância desse tipo de vegetação para o equilíbrio ambiental.
Afinal, quanto mais verde a cidade, melhor será a qualidade do ar que a população respira e mais agradáveis serão a paisagem e o clima. O raciocínio também se aplica a outro grande problema das metrópoles: as inundações e deslizamentos de terra em época de chuvas – vegetação é sinônimo de permeabilidade do solo.
Se as árvores são vistas, em alguns casos, como ameaças, que jamais deixem de ser consideradas como fundamentais à qualidade de vida. O que se espera, para enfrentar o problema, é planejamento, com mapeamento preciso, indicando as que necessitam de fato de corte ou poda – sem que interesses econômicos interfiram nisso –, e, principalmente, a execução de um programa consistente de replantio.