Fatura pela histórica falta de fiscalização

03/01/2017 às 20:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:18

O ex-jogador de futebol Olavo Leite de Bastos, nacionalmente conhecido como Kafunga, falava, já na sua carreira como cronista esportivo, que “no Brasil, o errado é que está certo”. Ele utilizava esse bordão sempre que queria criticar alguma decisão, sendo no âmbito futebolístico ou não. Se formos analisar alguns acontecimentos e crises recentes no país, não só no meio político, certamente chegaremos à conclusão que a frase ainda é bem atual. 

A revisão de valores do IPTU cobrado de 65 mil imóveis de Belo Horizonte é uma dessas situações que pode dar a impressão, em um primeiro momento, de um abuso do poder público contra o cidadão. Porém, se considerarmos a importância do imposto para o funcionamento da cidade e o fato de que leis precisam ser cumpridas, vemos que as alterações são legais e necessárias. 

A cidade cresceu assustadoramente nas últimas décadas e sem muita fiscalização. Quem é mais velho lembra certamente que essa expansão desenfreada se deu até com uma boa força ou vistas grossas de quem comandava a gestão municipal. Mas é outra história... 

Nessa batida, a população belo-horizontina se acostumou a construir, reformar e ampliar imóveis sem obedecer as regras em vigor. E sem pessoal suficiente, a fiscalização praticamente se concentrou em grandes obras. O errado, lembrando Kafunga, ficou sendo o usual, o corriqueiro. Só que veio a tecnologia, com câmeras em helicópteros, que permitiu que aquela fiscalização que nunca foi feita no solo, ocorresse de forma rápida e eficaz. 

O que está se fazendo agora é uma correção desse histórico de falta de cumprimento das regras na construção civil de Belo Horizonte, principalmente pelos próprios moradores de residências. A primeira parcela da fatura por esse péssimo costume, cometido por desconhecimento ou esperteza, começa a ser cobrada e tem o valor de R$ 56 milhões. E outros donos de construções podem se preparar para não tomarem um susto em 2018. 

Em tempos de corrupção, sonegação, propinas e desvios, não há como criticar a PBH por estar fazendo o que a administração é paga por nós para fazer: garantir o cumprimento de regras para que o município consiga oferecer os serviços básicos. O cidadão é que precisa entender isso de uma vez por todas. 
 

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