Gastos e ganhos congelados

13/12/2016 às 20:48.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:04

O governo deverá promulgar já amanhã a alteração na Constituição que determina o limite dos gastos públicos pelos próximos 20 anos em todas as administrações do país. Apesar de ferido pelo envolvimento de vários integrantes nas delações de acusados na operação Lava Jato, o governo conseguiu importante vitória no Senado, que costumeiramente não é local de muitos embates, e onde o governo, qualquer que seja, tem maior tranquilidade para aprovação de propostas. Sossego que não se viu nas ruas de várias cidades do país que registraram protestos contra a aprovação da medida de austeridade, que é dada como uma das plataformas de retomada do crescimento da economia. 

É claro que o governo enfrentaria uma oposição a qualquer proposta que apresentar, já que os apoiadores da presidente afastada Dilma Rousseff não engoliram o processo do impeachment. Mas sem dúvida a PEC, que virará lei nas próximas horas, já teve maior apoio popular, principalmente na época em que ela foi proposta, tida como uma espécie proteção a governos irresponsáveis. 

Talvez a população brasileira tenha se informado melhor dos riscos ou das brechas que essa alteração na Constituição traz. Os ministros do governo já se apressam em garantir que não haverá cortes na saúde e na educação. No entanto, gestores de outras áreas não aparecem em público ou pelo menos não estão com toda essa convicção. 

Os gastos com as políticas sociais do governo são os que podem estar com o maior risco de serem diminuídos. Justamente na área onde houve o maior crescimento nos últimos anos. Colocamos muita gente no trem da dignidade, do consumo (mesmo sem muito controle) e da cidadania e, agora, corremos o risco de expulsá-los com a desculpa de que a composição está pesada demais.

E não estamos falando apenas de bolsa família. A política de ganho real do salário mínimo vai acabar. Conforme destacamos hoje, se ela não estivesse sido implementada, o piso salarial seria menos da metade do que é, cerca de R$ 400.

Que o governo a promessa de minimizar os cortes e também estenda isso à área social. Que as pessoas que dependem do auxílio para não morrerem de fome não sejam abandonadas. Temos que torcer. É o que nos resta.

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