Levando dinheiro para fora

27/07/2016 às 20:44.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:02

Antes da implantação do Plano Real, em meados da década de 1990, viajar para o exterior era quase impensável para uma família de classe média no Brasil. Com a melhora da economia e o crescimento da aviação civil, em meio a alguns sobressaltos, parte da população brasileira teve, enfim, condições de se planejar e realizar o sonho de férias ou mesmo intercâmbio em outros países. Em épocas de câmbio favorável, as viagens eram ainda mais frequentes. 

O aumento da quantidade de empresas aéreas e aumento na oferta de voos derrubaram os preços para viagens domésticas. Mas apesar das melhoria, viajar para o exterior ainda se manteve, e se mantém, caro para os padrões brasileiros. Só com muito planejamento e sorte para conseguir algumas promoções para se gastar relativamente pouco. 

Mais recentemente, o turismo para o exterior já tinha sido bastante atingido pela crise econômica e a alta do dólar em relação ao real. Os recentes atentados terroristas na Europa, principalmente na França e na Alemanha. 

Em situações como essas, há dois caminhos mais tomados pelos empresários, seja aqui ou lá fora: ou se fecha postos de trabalho, reduzindo custos para tentar manter as margens de ganho, causando alto impacto social, ou se tenta algo para atrair mais clientes e tentar recuperar as perdas. A primeira opção geralmente é a mais usada. 

Mas o setor de turismo internacional parece ter optado pela segunda, como mostramos na edição de hoje. Descontos bastante atrativos fazem com que uma viagem para Milão fique mais barata do que para Fortaleza, ainda neste ano. 

Atingida em cheio principalmente pelo atentado em Nice, um dos mais procurados destinos de verão do continente, a indústria de viagens age, ou melhor, reage de forma rápida (agilidade que muitas vezes falta a outros setores) ao mau momento e busca pelo menos recuperar as possíveis perdas com o medo causado pelo terrorismo. E atrair os brasileiros que ainda têm o sonho de viajar a turismo pelo velho mundo parece ser um dos objetivos dos europeus. 

As empresas bem que poderiam baratear também o custo do deslocamento pelo Brasil, principalmente para regiões que dependem do turismo, como forma de evitar ainda mais a queda da renda e perda de postos de trabalho em um momento tão delicado. 

Caso contrário, os que ainda podem se dar ao luxo de uma merecida viagem de descanso, estarão mais tentados a gastar o pouco dinheiro que ainda resta fora do país, garantindo a renda e empregos de franceses, italianos, portugueses e espanhóis, enquanto os nossos empregos são dizimados pela crise. 
 

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