Mundo só passa de fase se vencer o preconceito

04/07/2018 às 20:21.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:12

Um evento mundial com as proporções da Copa do Mundo, reunindo diferentes povos e atraindo atenção global, é cenário propício para que se exacerbe o que a humanidade tem de melhor e de pior. 

Na edição da Rússia, o lado negativo tem, infelizmente, sobressaído, com o inédito grau de reverberação de fatos pelas redes sociais digitais – mais potentes e presentes que em torneios anteriores. 

Primeiro, registraram-se manifestações explícitas de machismo de brasileiros que, em vídeos espalhados pela web, assediaram e ofenderam incautas estrangeiras. Em seguida, vieram episódios indiscutíveis de racismo, tendo como alvo jogadores de diferentes etnias, e até de homofobia, caso do costumeiro grito da torcida mexicana (“puto”), de xingamento a homossexuais.

Contraponto a esse lamentáveis ocorridos na Copa foi a imagem registrada pelo fotógrafo brasileiro Rodrigo Villalba em partida da primeira fase. O flagrante de um aperto de mãos entre o senegalês Mané e o brasileiro naturalizado polonês Thiago Cionek, num lance de jogo, representou o que de melhor se espera dos seres humanos: solidariedade e união.

Já no Brasil, a toada do racismo, infelizmente, prossegue. Relacionado à Copa, houve o recente episódio de um youtuber - categoria de sub-celebridades que tem conquistado cada vez mais adeptos e patrocinadores - fazendo piada de extremo mau gosto em rede social com o artilheiro Mbappé, jovem negro de origem africana e astro da Seleção da França. 

No mesmo tópico, mas sem relação com o Mundial, tivemos, esta semana, em Minas, a exposição do caso de uma menina de oito anos, cujos cabelos crespos foram cortados e alisados pela madrasta. A atitude gerou indignação na mãe da criança e virou motivo de debate acalorado nas comunidades digitais. De um lado, o salutar apoio às campanhas de conscientização sobre a diversidade e o orgulho racial e, de outro, claro, a intolerância. 

Enquanto o mundo não passa de fase, para usar um jargão do futebol, nunca é demais lembrar que a defesa da liberdade de expressão, que tem servido de esteio a atitudes preconceituosas, não se aplica a crimes. E é exatamente isso o que são, por exemplo, o racismo, o assédio e a homofobia. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por