Não há clima para reformas

27/06/2017 às 20:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:17

A reforma do sistema previdenciário brasileiro é uma necessidade que nove em dez cidadãos com alguma consciência concordam. E cada vez mais os que ainda estão em dúvida se convencem de que mudanças devem ocorrer para garantir o pagamento de benefícios. Mas essa consciência popular não quer dizer que o governo precisa fazer as mudanças a qualquer custo e de maneira rápida. É um assunto muito delicado para isso.

Além de mexer com o futuro do trabalhador comum, as mudanças também tendem a ocorrer para os servidores públicos. Por isso, não é de se estranhar que somente o indício de reforma provoque uma corrida às secretarias de Planejamento para o pedido de aposentadoria para quem já tem o tempo para tal, conforme alerta o governo de Minas em projeto do orçamento de 2018. 

É uma pena, porque em muitos casos, servidores públicos ainda com alta capacidade de produção e com  experiência de décadas em determinados órgãos continuam a exercer os cargos porque ainda se acham úteis e por espírito público. Esses devem ser os primeiros a entrar com os papéis. E não dá para dizer que estão errados ou exagerando. 

Servidores de outros Estados e de todos os municípios brasileiros também devem estar com o mesmo receio. A situação do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, imaginamos, pode ser ainda pior. 

O aumento dos gastos com aposentadorias é só mais um motivo para a reforma da Previdência não acontecer sob esse governo. O impacto nas contas seria gigantesco, comprometendo investimentos. Gestões podem também alcançar o limite de gasto de pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal, engessando ainda mais as administrações. 

Já que o impacto nos cofres públicos é tardio, melhor é deixar a discussão dos projetos para reforma apenas para o ano que vem, aproveitando a campanha eleitoral para ver quais são as propostas de cada candidato. Se a Previdência não quebrou até agora, não serão mais alguns meses de espera que vão mudar demais a situação. 

No máximo, poderíamos iniciar o debate ou alterar uma ou outra coisa que pode render um resultado a curto prazo. Fora isso, essa reforma é bastante inoportuna.

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