Novos planos não atendem ao público

17/07/2017 às 20:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:37

Os planos de saúde foram atingidos em cheio no efeito cascata da crise econômica. Como milhões de pessoas ficaram desempregadas, logo, elas não puderam com mais bancar esse custo mensal. A perda foi significativa, como também ocorreu em vários setores. 

O caminho para essas pessoas é, sem dúvida, o SUS, que está ainda mais sobrecarregado. A solução, para o governo, é a criação de planos populares, que trariam novamente essas pessoas para a rede particular. 

Primeiramente, a ideia é um atestado de incompetência. É admitir que um dos mais avançados e antigos sistemas de saúde pública do mundo não tem mais condições de atender a população. 

Em segundo lugar, parece estranha a sugestão de planos que teriam a obrigação praticamente de atender a população nas modalidades que menos têm impacto financeiro nas contas públicas: a atenção básica. 

Ora, a quantidade de postos de saúde no país não é ideal, mas é significativa, e esse tipo de atendimento não necessita de tecnologia moderna: precisa de profissionais de saúde. É sabido que o grande gargalo do país está na média e alta complexidade, na demora gigantesca para se fazer exames mais complicados e cirurgias eletivas. Em casos de doenças como câncer, a morosidade pode custar a vida de um paciente. 

Daria até para tentar entender se o governo estudasse deixar toda alta complexidade para as empresas particulares, remunerando-as pelos procedimentos, claro, e focasse esforços na atenção básica. Como é sabido por todos na área da saúde, quanto maior investimento na prevenção, menos gente adoece, menores são as complicações e menor o gasto em procedimentos complexos. O mais lógico, portanto, seria o incentivo a iniciativas como as equipes do Programa de Saúde da Família (PSF), por exemplo. 

Em uma análise bem simples, as propostas para novos planos de saúde mais populares feitas pelo governo devem alterar pouco os custos do SUS para o governo e também não ampliam o atendimento para o cidadão em relação ao que tem hoje a rede pública. Algum interesse está em jogo, e não é o público. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por