O bolso é a parte mais sensível do brasileiro

24/01/2017 às 19:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:32

O trânsito brasileiro é um dos mais violentos do mundo. E, apesar das condições ruins de nossas ruas, avenidas e estradas, a maioria dos acidentes com mortes ocorre em pistas em boas condições, de dia e em vias sinalizadas. Ou seja, a imprudência é o principal fator que leva pessoas a perderem a vida de forma estúpida no trânsito. E não há forma melhor de combater a imprudência e o desrespeito do que com punição proporcional. Parece que, enfim, as pessoas começam a respeitar mais as leis de trânsito, infelizmente, da maneira menos indicada, que é por meio de multas mais onerosas. 

Levantamento feito pelo Hoje em Dia mostra que, após um reajuste significativo dos valores, no fim do ano passado, o número de registros de infrações caiu de forma significativa em BH. Houve redução tanto na comparação com os meses anteriores à entrada em vigor da nova tabela quanto em relação com o mesmo período de 2015, o que garante que a comparação seja feita em épocas com número semelhante de carros nas ruas. 

Essa é a prova de que o brasileiro só sente mesmo a necessidade de cumprir a lei quando essa o prejudica financeiramente. Foi assim quando o uso do cinto de segurança se tornou obrigatório nas áreas urbanas, a partir de 1997. Apesar da edição da lei, a população só passou a utilizar o equipamento quando as multas começaram a chegar às casas. 

Mas além do fator econômico em si, a redução pode estar relacionada com o fato de as infrações terem, após o aumento, um valor compatível com a gravidade. Quem for pego dirigindo embriagado pagará quase R$ 3.000 de multa. Dependendo do valor do carro em que o motorista está, a punição pode chegar a metade ou mais do valor de venda do veículo. E nessa época de crise, ninguém quer ter mais esse peso no orçamento. 

Muita gente pode refletir e achar que a punição está demais, que se trata de uma indústria de multas. Mas esses não percebem que as multas são usadas como uma espécie de regulação. Se todos respeitarem as normas, ninguém é multado e, principalmente, as mortes ficariam reduzidas a fatalidades. 

Seria bom se infrações em outras áreas também pudessem render uma multa pesada. Para quem não tem dor na consciência em fazer o errado, que doa, então, o bolso. 

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