O desafio de manter a pampulha agradável

22/03/2017 às 20:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51

O que para muitos moradores de Belo Horizonte seria algo impossível ou inimaginável há décadas atrás, ocorreu. Com algum atraso, a lagoa da Pampulha está com o espelho d’água com níveis minimamente aceitáveis de qualidade para o principal cartão postal da cidade. A classe três, que libera as águas para práticas esportivas sem contato direto e pesca, é uma conquista, apesar do custo de R$ 30 milhões somente no tratamento.

Mas a população da cidade e, principalmente, a administração terá que se acostumar a ter a Pampulha como principais equipamentos da cidade. Ao conseguir que o conjunto arquitetônico fosse reconhecido como Patrimônio da Humanidade, o poder público e os cidadãos belo-horizontinos fizeram um compromisso com a Organização das Nações Unidas de zelar por esse monumento. E esses cuidados são, daqui para frente, contínuos e, claro, bastante dispendiosos. 

Cabe ao município criar mecanismos para que o espaço seja explorado e gere recursos suficientes para custear a os trabalhos de manutenção do acervo e também da orla. Por isso, todas as regras de ocupação e uso da orla e, agora, do espelho d’água terão que ser elaboradas. Na verdade, pela importância e visibilidade, a Pampulha deveria ter um código próprio de ocupação, favorecendo o turismo e os passeios dos próprios belo-horizontinos – foi para isso que ela foi criada. 

Ao ir ao local ontem, a nossa reportagem encontrou um austríaco radicado no Brasil e um alemão – nós não nos demos conta que o Mineirão se tornou uma espécie de templo de peregrinação de alemães, por razões óbvias – passeando pela orla. Quem sabe os europeus têm muito a nos ensinar sobre regras de uso de parques abertos, já que possuem essa cultura bastante enraizada. É ver, aprender, adaptar e implantar aqui. 

O certo é que não há mais como fugir de um debate grande sobre o uso da lagoa em um futuro próximo, assim como os gastos com a manutenção dela serão cobertos. Há um preço por querer que um equipamento tão grande esteja disponível à população. E não estamos falando apenas de dinheiro, estamos falando de aprender a respeitar os bens públicos. Vai levar tempo, mas temos estar dispostos a enfrentar esse desafio.

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