País rico em água suja

07/06/2017 às 20:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:58

Hoje encerramos a série de reportagens que trouxe um retrato de como estão as condições da água em Minas Gerais, considerado o maior reservatório do país. Quem acompanhou o material assinado por Tatiana Lagôa e Flávio Tavares pôde concluir como estamos tratando mal de um elemento que permite a nossa sobrevivência. E se o quadro continuar assim nós estamos colocando a nossa existência em risco. 

No encerramento da reportagem mostramos a situação alarmante dos nossos rios, principais fontes de água para a agricultura e abastecimento humano e animal. Apenas um quarto deles está livre de qualquer contaminação e somente um terço possui condições boas e excelentes. 

O quadro é alarmante, mas se olharmos a quantidade de pessoas que não têm saneamento básico, podemos classificar a contaminação dos rios como uma consequência lógica. Somente em Minas, 65% do esgoto das casas não é tratado. O resultado do descaso histórico com o tratamento de rejeitos aparece agora.

Precisamos agir em duas frentes de forma conjunta. Uma delas é proteger os rios que ainda estão em boas condições para que o estrago não se amplie. Fortalecer a ação dos comitês de bacia hidrográfica, formados por representantes da sociedade civil, pode auxiliar em um problema recorrente das autoridades públicas que é a falta de pessoal para fiscalizar grandes áreas. Para que isso seja possível, há necessidade de uma legislação mais dura e que permita a solução de impasses de maneira mais rápida, sem a necessidade de uma judicialização. 

A outra frente tem que ser a recuperação de rios. E não adianta revitalizar margens, desativar garimpos ilegais, multar fazendeiros, se temos quase dois terços de casas sem esgoto tratado. É jogar dinheiro fora. 

Sem saneamento básico a luta pela qualidade da água é inútil. E essa precisa ser uma política nacional em um país que se gaba nos quatro cantos do mundo por ter a maior reserva do planeta, que poderia sustentar toda a população mundial por décadas. 

Se continuarmos descuidados com nossos rios, lagos, nascentes e lençóis freáticos, podemos até manter a liderança em volume reservado, mas será uma riqueza inútil tamanho o comprometimento da nossa água pela poluição nossa de cada dia. 

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