Podemos aprender com as ocupações

21/01/2017 às 00:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:30

Não é segredo para ninguém que déficit habitacional é um dos maiores problemas sociais do país. Quem não tem um teto fica exposto a diversas outros problemas como a insegurança, a falta de saneamento básico e atendimento médico e educacional deficiente, já que não há endereço fixo. Um dos princípios da cidadania é uma pessoa ter a oportunidade de possuir um teto para se abrigar. E somente na capital mineira 56 mil famílias aguardam uma solução para o problema. 

Muitas não esperam a solução do demorado e burocrático poder público e buscam por meio de ocupações de terras aparentemente sem utilização uma solução para o drama particular. É em torno desse quadro que essas comunidades crescem na capital mineira e em todo Brasil. 

Mas algumas comunidades querem afastar o estigma de serem um bando de aproveitadores. Há na capital grupos que buscam organizar as ocupações, com regras e normas a serem seguidas por seus ocupantes, planejamento esse que faltou à cidade “legal” e que resultou em parte na exclusão de milhares de pessoas. 
O resultado é que muitas famílias conseguem alguma qualidade de vida, mesmo sem uma infraestrutura existente do lado de fora. Uma gerência participativa, em que todos são responsáveis pelo local onde vivem, evita uma série de problemas comuns em qualquer bairro de BH, como é o caso da segurança. Vizinho ajuda vizinho, um morador cuida do outro. É assim que se vive em sociedade. 

Não há intenção nesta edição em específico em discutir os argumentos jurídicos que apoiam ou não a existência dessa ou daquela ocupação. O que procuramos mostrar é como essas pessoas se organizam e conseguem administrar seus conflitos de uma maneira em que, por exemplo, um desses locais fique cinco anos sem um crime violento, isso tudo praticamente sem a presença do poder público convencional.

Em vez de criticar ou mesmo atacar essas comunidades, quem sabe não podemos ler e aprender com essas pessoas a como fazer toda a cidade a ser um local melhor. Dar a uma família um teto e o mínimo de estrutura, pode fazer com que os componentes tenham a tranquilidade necessária para correr atrás de sonhos e aproveitar as oportunidades para crescer. O que eles precisam é apenas uma chance para tentar. 

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