Por que a JBS doou para tanta gente?

22/05/2017 às 20:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:40

Quanto ocorre um fato bombástico que estremece os pilares de um governo, como a delação de um dos proprietários do grupo JBS, Joesley Batista, existem as conclusões imediatas, mas também alguns elementos que só vamos compreender com o passar do tempo, analisando fatos e documentos e ligando alguns pontos.

Um dos aspectos que mais chamou a atenção nesse turbilhão de informações foi o número de políticos ajudados pela empresa por meio de doações para campanhas eleitorais, 1.829 nomes para ser mais preciso. 
Hoje, mostramos nesta edição que sete deputados mineiros eleitos foram citados na delação do diretor do grupo que controla a empresa de carnes Ricardo Saud como recebedores de dinheiro para as campanhas eleitorais. A grande questão que ainda não foi respondida totalmente é saber qual seria o real motivo que levou o dono de um conglomerado gigantesco, que fatura bilhões de dólares, a “apostar” em tantos candidatos em tantas regiões do país, de tão diferentes perfis. 

É uma rede muito grande para ser coordenada por apenas um grupo político, partido ou governo, o que leva a crer que a empresa pode não ser uma simples “vítima” do sistema político brasileiro, que, às vezes, dificulta a vida de muitos empresários para vender facilidades, mas, sim, uma peça importante desse sistema, atuando como principal articuladora. 

É muito difícil também definir neste momento quem participava ou não do esquema de forma individual. A totalidade dos parlamentares ouvidos pela nossa reportagem nega essa atuação. Muitos também receberam o dinheiro via partidos políticos, e não necessariamente sabiam de toda essa trama que resultou na doação. Pode ser que a JBS atuava mais no mercado futuro do que no presente; ou seja, já “aplicava” o dinheiro em um nome de alguma área de atuação ou região de interesse para, depois, solicitar uma espécie de contrapartida, o que poderia ocorrer ou não. Dá para imaginar muita coisa. 

O certo é que Ministério Público e a Justiça terão que trabalhar bastante para esclarecer à população por que uma empresa deste tamanho precisaria de tantos apoiadores e o que planejavam os controladores da JBS. São respostas que esperamos receber em breve, claro, se não pintar outra bomba. 

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