Preconceitos impedem adoção

24/05/2018 às 21:12.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:15

   A adoção pode ser considerada um dos maiores gestos de amor. Acolher na família uma criança ou adolescente desamparado pelos pais biológicos e assumi-lo como filho, com as dores e delícias da maternidade, mostra que os laços do coração podem ser tão e até mais fortes que a ligação sanguínea.  São várias experiências bem-sucedidas que comprovam ser um ato nobre, que traz realização e felicidade para quem adota e torna feliz a vida de milhares de crianças que não puderam ter o amparo da mãe que as gerou. No entanto, no processo de adoção, muitas famílias impõem condições que deixam explícitos preconceitos em relação a raça, idade e sexo. Dados do Tribunal de Justiça de Minas revelam que 628 crianças que sonham ser adotadas já completaram 10 anos, idade que as exclui do interesse de candidatos a pais. O número representa mais da metade do universo de meninos e meninas à espera de um lar.A cor da pele e o sexo também são critérios. Das 5.340 pessoas na fila para adotar, 753 aceitam apenas crianças brancas. Exigência que torna o sonho delas de ser pai ou mãe mais difícil de se realizar, uma vez que nos abrigos mineiros brancos são a minoria – 253 menores são negros e 534 pardos. Também há preferência pelas meninas. Tanto que 1.554 pessoas adotariam apenas menores do sexo feminino, segundo dados da Justiça. As estatísticas deixam bem claro que as famílias insistem em preservar uma cultura ultrapassada que as impede de lidar com diferenças raciais. Também rejeitam o passado de abandono ou dificuldade da criança mais velha, o que, na prática, significa recusarem as memórias – tristes e felizes – daquele indivíduo. Sem falar que ainda enxergam nas meninas um sexo “mais fácil” de se lidar, pensamento que perpetua ideias equivocadas como a de que a mulher é mais submissa e o menino, insubordinado. Tantos obstáculos impedem a felicidade dos dois lados – de quem quer adotar e de quem sonha com um lar. No entanto, alguns casais vêm quebrando esses tabus e mostrando que o amor de verdade não tem barreiras de idade, cor ou de sexo. Simples assim.  

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