O presidente Temer anunciou ontem mais uma série de medidas para a recuperação econômica do país. Na verdade, essas foram as primeiras propostas significativas que atingem de forma mais direta trabalhadores e empresários a um curto prazo, já que a Reforma da Previdência trata de mudanças com efeitos mais a longo prazo e a PEC do teto de gastos envolve mais o poder público. Hoje, o pacote será assunto das mesas do happy hour nos bares.
Em termos de estratégia, o governo federal pode ter acertado. É um pacote com flexibilização de normas para empresas, mas também com liberação de crédito direto para trabalhadores, por meio da liberação do FGTS de contas inativas.
Somente essa medida injetará R$ 30 bilhões na economia, quando for aprovada. Será a salvação para muitos que mudaram de empresas durante o tempo de economia no auge do crescimento, perderam o emprego mais recentemente, mas não puderam sacar todo o dinheiro do fundo.
Muitos poderão usar as reservas para empreender sem ter que pagar altos juros em bancos. Vale a pena até retirar o recurso que rende pouco no FGTS para um plano de renda fixa ou outra aplicação com maior rendimento. Pela reação dos nossos leitores nas redes sociais, logo após a divulgação do pacote, deu para perceber que a medida teve boa recepção.
O pacote para empresas parece um pouco menos impactante, com resultados mais específicos. A manutenção do programa que permite redução de salários e da jornada por manutenção de postos de trabalho impediu que a fila de desempregados aumentasse mais um pouco, mas não evitou a maioria dos desligamentos. Porém, só o anúncio do envio de uma reforma trabalhista já atende algumas das reivindicações do setor produtivo de uma flexibilização e modernização das normas que regem a relação entre patrão e empregado.
Essas foram algumas sinalizações que o governo já poderia ter dado há alguns meses, mas por algum motivo, não fez.
Talvez a baixa popularidade de Michel Temer tenha feito o Planalto pensar em medidas mais agressivas para conquistar a confiança da população. Seja qual tenha sido a motivação, pela primeira vez o governo consegue se aproximar um pouco do Brasil real.