Projeto educacional rejeita parte dos jovens

01/06/2017 às 20:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 16:54

“Cabeça vazia, oficina do diabo”. O ditado popular cabe muito bem para resumir o dado revelado nesta edição. Mais de 70% dos jovens com idades entre 14 e 19 anos envolvidos na autoria de assassinatos ou que foram mortos estavam fora da escola há pelo menos dois anos. Além disso, atualmente 239 mil jovens não frequentam as salas de aula em Minas. Ou seja, se o quadro continuar assim, muitos desses estarão em pouco tempo em uma unidade do sistema prisional ou em um cemitério. 

Parte da culpa por esta estatística chocante é que o modelo brasileiro de educação é ineficaz para as características da nossa sociedade. Ele precisa ser mudado urgentemente. Mas não estamos falando da reforma curricular proposta pelo atual governo federal – que após toda essa crise política praticamente caiu no esquecimento da sociedade. 
Muito mais coisa precisa mudar além da composição de disciplinas que o aluno precisa cursar. Ela seria apenas um dos passos, talvez nem fosse o primeiro. 

O primordial é garantir um projeto nacional, com o diagnóstico de em que ponto estamos e onde queremos chegar daqui a 20, 30 e 50 anos. É mais do que nota no Ideb. Os dados, como o Unicef vem fazendo, precisam ser mais amplos, com índices sociais. 

Não, a escola não deve substituir os pais no processo de educação de crianças e jovens, mas ela deve, sim, fornecer uma formação básica para que aquele indivíduo tenha condições de fazer as suas escolhas dentro de uma sociedade cada vez mais plural. 

Após a definição desse projeto, é preciso ter pessoas capacitadas e valorizadas para colocá-lo em prática. E não parece viável o sucesso de um projeto de educação com professores ganhando salários baixos e com escolas em péssimas condições de trabalho. Não há planejamento que sobreviva nas condições atuais. 

A soma de uma grade escolar defasada, com escolas sem estruturas e educadores sem valorização forma um ambiente completamente desfavorável a alunos que possuem alguma dificuldade escolar. E o ambiente do crime às vezes é o único caminho em que esses jovens são recebidos de braços abertos, mesmo que ele coloque em risco a própria vida. E muitos sabem disso, mas preferem se distanciar daqueles que o rejeitaram. 

  

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