Protesto poderá ‘ferir’ projeto do governo

14/03/2017 às 20:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:44

Geralmente não se noticia paralisações de categorias antes das mesmas ocorrerem de fato, salvo no caso de serviços públicos para que o cidadão não seja pego de surpresa e saia ainda mais prejudicado. A medida visa minimizar a influência dos meios de comunicação no movimento e garantir uma medição mais real do alcance da mobilização, já que muitos sindicatos usam a imprensa para “inflar” os números de apoiadores. 

Mas o que promete ocorrer hoje na região metropolitana de Belo Horizonte, em torno dos protestos contra a Reforma da Previdência, é algo incomum na história recente. Será a primeira mobilização em conjunto de várias categorias que se vê em anos no país. 

Claro que, as associações de servidores públicos estão na linha de frente, mas a adesão de outras carreiras do setor privado mostra que o sentimento contra as mudanças nas regras previdenciárias cresce a cada instante e se espalha pela população. 

Os brasileiros já tiveram muito tempo para se familiarizar com as principais propostas de mudança contidas no texto da reforma. Por isso, não dá para afirmar que trata-se de um movimento apenas de oposição ao governo, com razões meramente políticas. 

O movimento de hoje certamente dará um termômetro aos políticos de como está a aceitação ao projeto. Se as previsões de confirmarem, ficará claro que o texto será de difícil aprovação popular. E como um governo conseguirá aprovar mudanças em um assunto tão sério e abrangente sem esse respaldo? Uma mobilização ampla hoje, causará um ferimento grave no projeto do governo, e de cicatrização complicada. 

Mas uma vez, esse governo sofre as consequências do distanciamento em relação aos brasileiros. Sem entrar no julgamento de que as mudanças são boas ou ruins, houve pouco esforço para que o trabalhador fosse informado. E também pouca resposta aos contra-argumentos de quem é contra, citando os privilégios que algumas categorias continuariam ter no texto enviado ao Congresso. 

Uma desistência por parte do governo de fazer a Reforma da Previdência nos próximos dias não seria uma surpresa. Na verdade, é o fim mais previsível para uma medida necessária, mas mal administrada. 

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