Renovação dos carroceiros

20/04/2018 às 22:48.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:28



É um contraste, sem dúvida. A tecnologia já tenta colocar nas ruas, em grande escala, automóveis capazes de se locomover sozinhos, sem a presença de condutores. Em outra ponta, em Belo Horizonte, jovens usam a carroça – utilizada antes mesmo da invenção do carro a vapor – não somente como meio de transporte, mas acima de tudo como opção, às vezes a única, para garantir dinheiro no bolso no fim do dia ou do mês e pagar as contas.

Até há pouco tempo, o ofício de carroceiro era exercido em sua maioria por pessoas mais velhas, e a expectativa era de que as carroças se “aposentassem” junto com os donos, sem deixar sucessores. 

No entanto, a realidade constatada nos bairros de periferia mostra que as carroças estão longe de virar peças de museu na capital mineira. 
Há uma nova geração de condutores de carroças, de até vinte e poucos anos, que tiram o sustento trabalhando com o transporte de móveis, entulhos e outros objetos usando os veículos de tração animal. 

Essa renovação do ofício de carroceiro, se por um lado mostra que a atividade tende a permanecer ainda por muitos anos, pode ser um termômetro da falta de capacitação da nova geração, de classes menos favorecidas, para exercer outras atividades. Apenas pode ser. 

Sem escolaridade e acesso à qualificação profissional para desenvolver outro ofício em sintonia com os avanços e tendências mundiais, muitos jovens estão buscando o antigo meio de transporte como saída para sobreviver. Ou seja, a educação ineficiente não teria conseguido propiciar outras possibilidades. 

A atividade, no entanto, segundo alguns deles, pode render R$ 3 mil mensais, salário longe de ser oferecido a muitos recém-saídos da universidade. 
A profissão antiga pode ser extinta, no entanto, se um projeto de lei em tramitação na Câmara de Belo Horizonte, for aprovado. A medida visa a reduzir o número de veículos por tração animal na cidade com a substituição por motos com caçambas. 
Até lá, antigo e moderno precisam aprender a conviver de forma harmônica, sobretudo no trânsito. 
 

  

  

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