Renovação, só que não

27/09/2016 às 20:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:00

O leitor do Hoje em Dia sabe, pelas reportagens publicadas nos últimos dias, que a crise política e as mudanças das regras para a disputa das eleições deste ano estão influenciando na campanha. Embora a gente só possa fazer análises mais específicas após o resultado, já podemos observar algumas tendências por meio das pesquisas de intenção de voto. 

Uma delas é o crescimento do chamado “centrão”, como mostramos hoje, que é nada mais que um grupo de partidos de pequeno e médio portes, sem ideologia facilmente identificada, e que ficou famoso por ter no ex-deputado federal Eduardo Cunha (RJ) o seu líder mais famoso. Essas legendas possuem chances reais de ir ao segundo turno em 16 das 26 capitais brasileiras. 

O bom desempenho desses partidos nas pesquisas eleitorais mostram que o eleitor se cansou das legendas tradicionais, como PT, PSDB e PMDB, mas ainda não está seguro de votar em nomes completamente desconhecidos ou em partidos menores com um discurso ideológico bem definido, às vezes até radical, como PSTU e PSOL. Nesse contexto, os candidatos do “centrão” aproveitaram para obter votos. 

Talvez o que o eleitor não saiba é que esses partidos é que deram boa parte da sustentação ao deputado cassado Eduardo Cunha durante o polêmico mandato do parlamentar como presidente da Câmara. Muitas dessas siglas são compostas por políticos tradicionais, ou de filhos de figuras carimbadas do meio, com décadas de atuações, nem sempre elogiáveis, no poder público. Eles sempre estiveram ao lado do poder, sempre corroboraram com as decisões do governo e, se a situação política e econômica do país está dessa maneira, são, sim, também responsáveis. 

Claro que, habilidosos na política, a maioria tenta se descolar de Cunha e dos recentes escândalos de corrupção, e vem conseguindo. Muitos até dizem na TV e no rádio que “não são políticos”. Ora, até a decisão de não participar da eleição é política. Portanto, quem se filia a um partido já é político. Quem se candidata a prefeito de capital é, então, “muito político”. 

O eleitor tem todo o direito de fazer a escolha que quiser, mas optar por nomes desses grupos não parece um caminho pela renovação ou mudança significativa da classe política. O risco é alto e já perdemos muito nos últimos anos. 

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