O veto do Ministério dos Transportes ao retorno dos voos com aeronaves maiores ao aeroporto da Pampulha dá fim à esperança de quem deseja ver os grandes jatos de volta ao acanhado terminal. Porém, a decisão não é totalmente contrária ao aval que deve ser dado pela Anac na próxima semana. São duas decisões distintas: uma de perfil técnico, e a outra política.
A Anac dá o parecer sobre as condições de estrutura do aeroporto, que foi modernizado em relação à época em que recebia 3 milhões de passageiros por ano. A agência deverá confirmar que a Pampulha poderá receber esses voos com maior capacidade caso seja do desejo das autoridades.
Aí entra a questão política. Liberar os grandes jatos para um aeroporto praticamente no meio da cidade tem consequências em vários setores, boas e ruins, dependendo do ponto de vista, e é isso que tem que ser analisado.
O impacto ambiental será enorme, tanto para os moradores quanto para quem utilizará o aeroporto. E não estamos falando só do barulho dos motores. Toda uma estrutura de apoio de operações tem que ser instalada no entorno, lotando as vias próximas ao terminal. Por outro lado, o aumento das movimentações reforçaria arrecadação de impostos na cidade e pouparia tempo dos passageiros, que deixam de passar mais tempo dentro de automóveis que do avião para ir ao Rio ou São Paulo.
Mas o principal ponto para barrar a liberação, inclusive citado na decisão do ministério, é a concorrência com Confins. Não faz o menor sentido investir milhões na estruturação do terminal, construir uma estrada decente de acesso, abrir uma concessão, exigir do vencedor um aporte maior e, quando o terminal novo fica pronto, criar um concorrente para ele. Seria muito dinheiro, público e privado, jogado fora.
E caso de um improvável, mas não impossível, acidente de grandes proporções ocorrer com um desses jatos, a primeira medida certamente será retornar todos os voos para Confins novamente.
Esses fatores pesam na decisão do governo federal de não “reativar” Pampulha como um grande terminal. O melhor a fazer é buscar alternativas para a estrutura, como incentivo à aviação regional, que o governo mineiro já está implantando. A solução não vem da caneta e, sim, do trabalho e da criatividade.