As primeiras medidas do prefeito Alexandre Kalil não saem do script esperado para esse início de gestão. Menos secretarias e demissão de servidores comissionados cumprem em parte o que o então candidato havia prometido de enxugar a máquina pública.
Mas prefeitura enxuta não é o suficiente. Ela tem que funcionar e, principalmente, atender as demandas da população. E elas são muitas. E nisso, pudemos perceber uma certa mudança no discurso tanto do prefeito quanto do seu principal articulador, o vice-prefeito e secretário de Governo, Paulo Lamac.
Ao contrário da época da campanha, quando se falou muito em não fazer nada novo, mas sim, “terminar o que está aí”, a nova gestão já fala em um plano de obras, tanto para terminar o que não foi concluído quanto para iniciar as intervenções que ainda não estão em curso, mas são essenciais.
Talvez Kalil tenha percebido que melhorar o que está aí, como pregou na campanha, não é suficiente. Ficamos quase duas décadas sem obras de infraestrutura, que avançaram com a gestão de Marcio Lacerda, mas que ainda estão longe, bem longe, do ideal.
A questão é saber de onde virá o dinheiro, pois essas economias de pessoal não serão suficientes para bancar grandes projetos.
Fala-se em uma nova UPA na região Noroeste e no Hospital do Barreiro em plena operação em agosto. Mas qualquer pessoa que tem alguma noção de máquina pública sabe que construir hospitais e unidades de saúde é relativamente fácil. O problema é que, para elas funcionarem, o custo anual com insumos e pessoal é equivalente ao valor da obra.
O prefeito teria, então, que buscar outras fontes, junto aos governos Estadual e Federal. Ele e mais 800 prefeitos mineiros e 5 mil do país. Kalil terá que negociar muito para conseguir convencer de que as obras de BH são prioridade. Ele ficará diversas vezes frente à frente com “os políticos” que criticou durante a campanha pedindo recursos. Não será fácil.
Torcemos para que o novo chefe do Executivo municipal da capital do nosso Estado tenha sucesso no seu planejamento inicial. Se conseguir fazer mais com menos recursos disponíveis terá uma boa chance de obter a tranquilidade necessária para tocar a sua gestão até o ano de 2020.