Sem direito a descuidos

28/11/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:55

A divulgação do índice de infestação do Aedes aegypti na cidade de Belo Horizonte minimiza o risco da cidade sofrer uma epidemia da doença em um curto prazo. Poderíamos aproveitar para parabenizar toda a população da capital mineira pela mobilização e responsabilidade no combate aos focos do mosquito. Mas ainda não dá. Pelo menos, não totalmente.

Cerca de 87% dos focos ainda são encontrados dentro de residências. São imóveis que estão ocupados e possuem moradores entrando e saindo todos os dias. Ontem mesmo, em uma das casas, na região Leste, agentes acharam focos do Aedes. A moradora confessou à reportagem o descuido.

A dengue começa a crescer justamente em situações como estamos vivendo agora. Com poucos casos no ano em relação a 2016, as pessoas vão se distanciando do problema e relaxando no dever de cuidar dos recintos.

Mas esse mosquito não descansa. Fica apenas esperando as condições ideias para a reprodução. E se descuidarmos, a gente volta, aos poucos, a oferecer essas condições para o inseto e quando percebermos, daqui a um ou dois anos, a dengue volta com toda a força.

Uma outra epidemia poderia ser catastrófica na cidade. Registramos mais de 150 mil casos no ano passado, pacientes que podem desenvolver complicações graves caso sejam acometidos novamente pela doença. Sem contar as outras centenas de milhares de pessoas que já tiveram a doença desde o fim da década de 90, quando houve os primeiros surtos.

Fora isso, há também a chikungunya a o zika vírus, que começaram a circular na cidade mais recentemente e que a população ainda não está acostumada aos sintomas.

Tomara que os índices mais baixos também não façam com que a prefeitura desmobilize os agentes de saúde para fazer economia de gastos. Agora, que a doença dá sinais de recuo, é a hora de intensificar as visitas a fim de evitar o relaxamento da vigilância. O corte de pessoal pode aliviar o caixa da administração imediatamente, mas pode resultar na perda de todo o trabalho de dois ou três anos para cá. E tudo teria que ser reiniciado.

O certo é que não há espaço para afrouxar a guarda contra o mosquito. Podemos ter sinais de que estamos ganhando a batalha, mas a guerra está longe de terminar.
 

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