Sem garantias, sem economia

14/04/2017 às 15:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:08

Quando se falam em alterações das leis trabalhistas no Brasil, logo surgem os exemplos de outros países. Estados Unidos, Alemanha, França, e tantos outros. O que não vem acompanhando as citações, por óbvio, são as condições econômicas e culturais de tais países. 

Nos Estados Unidos, os direitos trabalhistas são poucos. E são muitas as empresas instaladas no país, é verdade. Mas, por lá, a taxa de desemprego é de 4,9% da população. A taxa de juros é de 0,75%, se espantem, é isso mesmo. A inflação é de 2,4%. A carga tributária é muito menor que a brasileira e os serviços, bem, de primeiro mundo, claro. Aí fica fácil ser demitido, não ter muitos direitos. Com emprego dando sopa, a sopa a preço de banana e o crédito atraente, a garantia ao trabalhador quem dá é a economia. 

Voltemos então ao Brasil. Com 13% da população desempregada, a economia em recessão e tímidas medidas econômicas para reverter o quadro, tirar direito do trabalhador não parece ser lá uma grande solução. 
Os sindicatos que representam os trabalhadores estão abarrotados de problemas. Alguns operam com estruturas inchadas, líderes que não largam o osso e pouquíssima transparência. 

Mas são eles que saem às ruas, protestam, fazem greves, enfim, dão dor de cabeça aos empregadores evitando que nos tornemos uma China, por exemplo. Então, por qual motivo enfraquecê-los? Não seria melhor cobrar-lhes mais transparência, leis rígidas para impor-lhes conduta ética? 

Como faremos a economia crescer retirando recursos dos sindicatos? E mais: como motivar o trabalhador se a palavra de ordem é a extinção e não o emprego? 

Obviamente que algo tem de mudar. A mudança, porém, deve ser posta em prática de forma estruturada. As atenções deveriam voltar-se a medidas econômicas que garantam o pleno emprego. Investimentos que façam as empresas voltarem a crescer, não apenas a liberação de FGTS para quitar dívidas. Ela também se faz necessária. Mas, e quando o dinheiro acabar? Como vai sobreviver quem está desempregado? 
Nos esforcemos a ser uma economia de primeiro mundo, depois, falamos de leis trabalhistas de primeiro mundo. 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por