Somos vítimas e engrenagem do sistema

28/03/2017 às 20:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:55

Tudo tende a evoluir na sociedade. Com os criminosos a regra não é diferente. Eles também avaliam os lugares mais propícios para agir e aperfeiçoam os procedimentos conforme o tempo passa. Não são burros, pelo menos a maioria. E agora estão acordando cedo. 

Mostramos na edição de hoje uma dessas mudanças de comportamento de bandidos em Belo Horizonte. Por meio de alguns relatos que chegaram à redação, nos chamou atenção a quantidade de pessoas que se diziam vítimas ou que presenciaram crimes no início da manhã, quando boa parte da população está saindo de casa para trabalhar. 

As ocorrências são bem semelhantes e tinham uma característica peculiar: aconteciam em pontos de ônibus, minutos antes do coletivo passar. Não se trata de um novo estilo de crime, mas certamente os ladrões descobriram facilidades nesse horário. Primeiramente, pelo número reduzido de policiais. Hoje também dá para saber exatamente, por meio de aplicativos, quando os ônibus vão passar nos pontos, por isso os locais estarão sempre cheios minutos antes. Por fim, a falta de trânsito ajuda bastante na fuga. 

É claro que um reforço de segurança evitaria a situação. Conforme já destacamos aqui, a criminalidade não assalta onde há policiais. Mas também não há como colocar um agente em cada esquina da cidade. Não temos efetivo muito menos dinheiro para contratação de tantos.

Portanto, o combate se dá mais por estratégias e investigação, sobretudo, do mercado de receptação e de reúso de celulares, principal alvo desses criminosos que madrugam em busca de vítimas. Só há interesse nesses artigos se houver um mercado negro que negocie rapidamente os produtos. E parte da culpa está nos próprios moradores da capital que procuram esse tipo de negócio para comprar outro aparelho, a preços abaixo do praticado pelas lojas, sem se preocupar com a procedência. Somos, ao mesmo momento, as vítimas do sistema e a peça que fecha o ciclo. 

É preciso acabar com essas quadrilhas de ladrões e também de receptação. Sem combater esses pontos da cadeia, pode colocar viaturas em um local hoje que os bandidos mudam para outra região amanhã. No terno jogo de gato e rato entre polícia e bandidos, nesse caso, o rato está em vantagem.

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