A autorização do presidente dos EUA, Donald Trump, para a construção de um muro entre a maio potência mundial e o México coloca sem dúvidas um receio nos imigrantes brasileiros que vivem hoje na América, principalmente os ilegais. Essa era uma das principais promessas de campanha do republicano, mas muitos acharam – talvez seja mais uma torcida – que a atitude não iria muito para frente e que ele desistiria ao ver que não seria a melhor das opções. Mas tratar dessa questão logo nos primeiros dias mostra que Trump pode estar empenhado na medida, o que justificaria o temor dos milhares de mineiros e suas famílias.
Primeiramente, o modo das autoridades americanas tratarem os imigrantes sempre foi bem firme, exigente e, muitas vezes, violento. O próprio governo de Barack Obama foi um dos que mais deportou pessoas em conflito com a lei na história daquele país. No entanto, o ex-presidente foi mais tolerante com quem chegou aos EUA em busca do sonho americano que o país exportou para o mundo e não se envolveu com nada de ilícito.
Mas essa questão não se resolve apenas com uma barreira física entre os EUA e a América Latina. Os americanos dependem da força de trabalho dos estrangeiros em postos e tarefas que um “nativo”, que possui muitas oportunidades, não quer ocupar. São empregos informais, com longas jornadas de trabalho, que remuneram pouco para os padrões locais, mas muito em relação aos salários no Brasil.
Se o atual governo iniciar uma “caça” aos ilegais, quem fará esses serviços? A não ser que a intenção é justamente “achatar” os salários dos americanos. Nesse caso, a eleição do megaempresário teria sido um tiro no pé.
Donald Trump é um sujeito um pouco imprevisível e extremamente midiático. A assinatura do documento nos primeiros dias de governo, junto com a falta de estudos detalhados e da previsão de início da obra, podem indicar que o presidente americano esteja apenas querendo agradar o eleitorado e garantir o apoio dele no início de gestão. O problem é que nunca sabemos quando ele está falando sério.
Caso essa hipótese se confirme, muitos mineiros realmente tem motivos para ficarem preocupados com a possibilidade da onda anti-estrangeiros sair do gabinete da Casa Branca e se espalhar pelas ruas e casas.