Vitória do bom senso

14/06/2018 às 20:48.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:36


Venceu o diálogo. Bastou a oportunidade de uma conversa franca, em que as partes se dispusessem a negociar de fato – e não a medir forças – para que a greve nas Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis) de Belo Horizonte chegasse ao fim. O movimento que durou 52 dias foi encerrado ontem, após o Executivo e os professores chegarem a um consenso.

Quem assistiu ao desfecho, com direito a mensagem do prefeito Alexandre Kalil atribuindo – ou reconhecendo – a vitória da categoria e educadoras se abraçando diante da Prefeitura de BH talvez não se recorde de momentos tensos durante a mobilização. 

Não foram poucos. De manifestação de professores dispersada pelo Batalhão de Choque da PM, reação classificada como desproporcional pelo prefeito e pelo governador, a acampamento da porta da PBH e corte de ponto e salário, muita água passou por debaixo dessa ponte. Não precisava de tanto, nem de tamanho desgaste. 

Parece óbvio, mas sem conversa ficaria mesmo difícil um acordo que atendesse à demanda da categoria e ao caixa da prefeitura. Assim que as partes cederam, inclusive nas propostas, conseguiram chegar ao meio-termo que, embora não signifique a equiparação salarial dos educadores infantis com os professores do ensino fundamental, traz importantes conquistas neste sentido.

“A carreira está valorizada de um jeito que a prefeitura pode pagar”, disse o prefeito. O discurso não é mera retórica. Ninguém discute a qualidade do ensino nas Umeis nem a importância dos profissionais que lá trabalham. Mas é preciso lembrar que a correção desse abismo salarial, reivindicação tão antiga quanto o sucesso da educação infantil em BH, dificilmente poderia ser corrigido de uma vez. E jamais poderia significar o sacrifício de outros serviços públicos, como a saúde, usados por toda a população – inclusive os profissionais da educação. 


Agora, o momento é de as escolas se reorganizarem para oferecer o que fazem tão bem: acolhimento e proposta pedagógica diferenciada a milhares de crianças de BH. E que o poder público, em todas as esferas, consiga, um dia, valorizar como merece a profissão sem a qual não teríamos nenhuma outra. 
 

  

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