Reforma política urgente!

07/10/2016 às 19:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:08

Nossa legislação eleitoral é um verdadeiro queijo suíço, cheia de buracos. Foi um avanço proibir doações de bancos e empresas a candidatos. Porém, ainda levam vantagem os candidatos mais ricos e amigos dos ricos.

João Dória (PSDB), candidato a prefeito de São Paulo, investiu na campanha R$ 2,4 milhões. Ou seja, o fator financeiro favorece os candidatos que dispõem de mais recursos. Houve até candidato, na disputa pela prefeitura de Curitiba, como Rafael Greca (PMN), aquele que vomita quando encontra pobre, que doou R$ 600 mil à própria campanha, embora seu patrimônio pessoal não chegue a tanto...

O caixa dois infelizmente não foi extinto e se constataram casos de utilização indevida de CPFs alheios. Parte dessa dinheirama veio do crime organizado. Nossa política se transforma em caso de polícia.

Uma reforma política deveria proibir candidatos de investirem recursos próprios em suas campanhas. E as contribuições de seus amigos e eleitores serem limitadas a um teto que evite o lobby que permite a certos candidatos concorrerem como o coelho na disputa com a tartaruga.

É preciso também adotar a isonomia das candidaturas no tempo de aparição na TV, o mais poderoso cabo eleitoral. Não faz sentido a atual proporcionalidade de representação partidária. O candidato de um pequeno partido pode ser melhor gestor que o candidato de um grande partido. Portanto, todos deveriam ter igual visibilidade, em iguais condições de expor aos eleitores suas propostas e projetos, como ocorre nas eleições do segundo turno.

A Justiça Eleitoral deveria se encarregar de analisar melhor a vida pregressa dos candidatos, de modo a impedir que narcotraficantes, milicianos, corruptos e bandidos se apresentem para ocupar funções públicas. A Lei da Ficha Limpa precisa ser ampliada.

Enfim, 35 partidos disputaram a eleição municipal deste ano. A maioria, partidecos que nasceram de interesses corporativos, nem sempre voltados ao bem comum. A falta de alfabetização política do povo brasileiro se reflete neste dado preocupante: em nove capitais (Rio, São Paulo, Belém, Aracaju, Porto Alegre, Cuiabá, Campo Grande, Belo Horizonte e Curitiba), o número de votos brancos, nulos e de eleitores que não votaram superou o número de votos obtidos pelo candidato que ficou em primeiro lugar.

João Doria se elegeu prefeito de São Paulo no primeiro turno com 3.085 milhões de votos. Perdeu apenas para os eleitores que não compareceram às urnas ou votaram branco ou nulo. Eles somam 3.096 milhões!
<CW35>Um Brasil melhor exige, urgente, profunda reforma política!

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