É hora de tornar a BHTrans eficiente

04/08/2017 às 17:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:55

Na maioria das grandes cidades, o gerenciamento do transporte público e do trânsito é tratado como questão fundamental e nevrálgica para o sucesso da gestão pública e o bem-estar da população. Por tais razões, entre outras, as empresas públicas ou privadas que desempenham essas funções buscam cada vez mais aperfeiçoar sua governança, se aproximando do cidadão e adotando a transparência como norma seguida à risca.

Entretanto, em nossa capital, com mais de 2,5 milhões de habitantes e uma frota de cerca de 1,8 milhão de veículos em circulação, a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte, a BHTrans, insiste em não ser mais transparente e em não usar os recursos tecnológicos para oferecer mais conforto aos usuários do transporte coletivo.

Tudo na empresa é cercado por um sigilo desnecessário, além da morosidade em atender as demandas da população. Não foi por acaso que a expressão “caixa preta da BHTrans” tornou-se popular na cidade, sendo usada constantemente por quem questiona o sistema de cálculo das tarifas do transporte coletivo ou qualquer outra ação da responsável pelo gerenciamento do trânsito em nossa cidade.

Deve-se destacar que os problemas referentes ao transporte coletivo e ao trânsito são a maior preocupação dos belo-horizontinos. Pude constatar esse fato por meio do aplicativo “Meu Vereador”. Das 1.106 notificações encaminhadas ao meu gabinete, 273 são de reclamações sobre esses dois temas. Ou seja, 24,7% das pessoas que usaram o aplicativo criado por meu mandato para fazer uma denúncia o fizeram em busca de soluções para dificuldades enfrentadas no trânsito e ao usarem as linhas de ônibus e do Move.

Considero o percentual elevado e um demonstrativo das dificuldades que a BHTrans enfrenta para ter a eficiência que a população reivindica. Há outros entraves para que a empresa atinja o nível de excelência exigido do serviço público: a demora e o pouco empenho no atendimento das solicitações. Algumas demandas só foram respondidas dois meses depois do encaminhamento da solicitação, e apenas 91 das 273 notificações sobre trânsito foram atendidas, um percentual de 33,3%, bem abaixo do que se espera de uma empresa que deveria se pautar pela eficiência.

Essa ineficiência é reflexo do processo de desmonte da empresa, iniciado há alguns anos, e que atinge diretamente a qualidade dos serviços prestados à população. Desde 2008, não há concurso público para o preenchimento de vagas na BHTrans. O prefeito anunciou estudos para transformar a empresa em uma autarquia, mas essa medida não foi incluída na reforma administrativa e, se vier a ser implementada, vai demorar.

E tempo é justamente o que os moradores da capital, que sofrem com o trânsito caótico, a extorsão dos flanelinhas e a péssima qualidade do transporte coletivo, não têm. A transformação da BHTrans em um órgão público eficiente e eficaz, em condições de atender com presteza e qualidade a população, é urgente e não pode esperar.

  

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