A grave tragédia social de pessoas em situação de rua

09/06/2017 às 16:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:00

De acordo com dados divulgados na quinta-feira pelo Comitê Municipal de Políticas para Pessoas em Situação de Rua de Belo Horizonte, hoje há 4.553 pessoas vivendo nessas condições na capital, com cerca de 2.900 na região Centro-Sul da cidade. O levantamento é resultado de uma atualização de pesquisa feita em fevereiro, quando a PBH  informou que o número de moradores em situação de rua era de quase três mil.

De imediato, o que chama a atenção é a discrepância entre os números divulgados em fevereiro e os que vieram a público na quinta-feira. Houve incremento de quase 52% no total de pessoas em situação de rua. Ao justificar a diferença, a PBH explicou que os dados levantados em junho são mais precisos e se baseiam no Cadastro Único de Programas do Governo Federal (CadÚnico).

De qualquer forma, o que fica evidente é o tamanho das dificuldades que a administração municipal terá para solucionar um dos mais graves problemas sociais de BH. Se com a estimativa de que havia cerca de 3 mil pessoas nas ruas a tarefa de acolhê-las e lhes oferecer emprego, remuneração e tratamento contra a dependência química já era extremamente complicada, imaginem agora, diante desse contingente de mais de 4.500 seres humanos vivendo em condições indignas.

Outra questão relevante é a diversidade de situações encontradas entre essas pessoas. Há gente que perdeu os laços familiares, se tornou dependente químico, não tem emprego nem formação profissional. Estão nas piores condições possíveis e precisam de atendimento especializado e interdisciplinar para que possam ser reinseridos socialmente. E esta não é uma tarefa fácil, pois livrar alguém da dependência química demanda tempo, carinho e acompanhamento constante.

Há também aqueles que trabalham como ambulantes ou artesãos, conseguem dinheiro suficiente apenas para a alimentação e dormem nas ruas. Temos também portadores de sofrimento mental não relacionado a drogas ou álcool, gente que passou por problemas familiares, perdeu o controle e está temporariamente vivendo nas ruas. A variedade de situações pessoais é extremamente ampla.

A abordagem a essas pessoas deve ser feita, obrigatoriamente, com total respeito à dignidade humana e às peculiaridades de cada uma. Mas, também de forma inequívoca, as ações nesse sentido devem ser iniciadas o quanto antes. Não se pode admitir que daqui a três ou quatro meses se constate que o número de pessoas em situação de rua continuou crescendo. Que a força-tarefa criada pela PBH para solucionar tal problema passe das palavras às ações.

E a tarefa inicial, a meu ver, seria a requalificação dos abrigos existentes na cidade, hoje em péssimas condições de conservação. Também é preciso construir mais abrigos. A falta de vagas, já crítica, tornou-se insustentável diante desse imenso contingente de pessoas nas ruas de BH. Sem essa medida, qualquer outra iniciativa para solucionar essa dramática questão não surtirá resultados.

  

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