Cidade refém dos flanelinhas

21/07/2017 às 19:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:41

A ocupação ilegal do espaço público é um dos mais maiores problemas de Belo Horizonte, e não me refiro aos camelôs, que estão sendo retirados da área central da capital e encaminhados a shoppings populares. Mais grave que a presença dos ambulantes é a ação dos flanelinhas, espalhados praticamente por toda a cidade e que lançam mão da truculência e da intimidação para extorquir motoristas.

Não há uma estimativa confiável de quantos “guardadores de carro” agem em nossa cidade. Dados da PBH, com base no cadastro de lavadores de carro, atividade legal e regulamentada, apontam para cerca de 1.100 pessoas trabalhando com a limpeza de veículos. Como cobrar para tomar conta de carros é proibido por lei, os flanelinhas são clandestinos, não se cadastram e fazem como bem querem, sem que a fiscalização da PBH e a Polícia Militar consigam coibir sua ação.

Não é um problema novo, pois a cidade há tempos se esforça para impedir a atuação dos flanelinhas, com evidente insucesso, é bom ressaltar, mas chama a atenção a disseminação da prática ilegal por todas as regiões de BH. Do Barreiro a Venda Nova, passando pela Floresta, Santa Efigênia, Pampulha, Barro Preto, Cidade Nova, Padre Eustáquio e outros bairros, onde houver alguém estacionando um carro, a possibilidade de surgir alguém cobrando para “tomar conta” é cada vez mais real.

É possível ver nestes locais como os “donos do quarteirão” operam. Alguns têm grupos de quatro ou cinco pessoas agindo de forma coordenada, cercando os motoristas e os obrigando a pagar pela vaga de estacionamento. Quem se recusa a pagar corre o risco de ter o carro danificado, ser ameaçado e até agredido fisicamente. É uma rede de contravenção e ilegalidade que funciona de forma escancarada, sem que até agora tenha sido encontrada uma solução.

A PM tem se esforçado para combater esta prática extorsiva, com ações específicas em áreas mais críticas da cidade, como a Savassi e a Pampulha, mas é como enxugar gelo, pois são blitze pontuais diante de um problema generalizado. Além disso, a ação policial pouco efeito tem sobre os flanelinhas. Depois de detidos e levados a uma das centrais de flagrante da cidade, eles normalmente são liberados e no dia seguinte voltam a chantagear os donos de carros.

Defendo que é preciso buscar outra solução para uma situação dramática. Vejo com bons olhos o emprego da tecnologia como ferramenta para reduzir a ação dos flanelinhas, com a instalação de parquímetros nos quarteirões do Faixa Azul, ou pelo menos o uso de cartões eletrônicos em substituição aos talões de papel. As facilidades para extorquir os motoristas diminuiriam e o município aumentaria a arrecadação, podendo destinar mais recursos para áreas fundamentais como saúde, educação e segurança.

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